Instituições de solidariedade disponíveis para prestar cuidados de saúde primários
O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), padre Lino Maia, disse hoje que estas entidades estão disponíveis para prestar cuidados de saúde primários, adiantando que decorrem negociações com o Governo neste sentido.
© Lusa
País CNIS
"Temos muitas IPSS [instituições particulares de solidariedade social] por todo o país que, muitas vezes, têm um médico, têm enfermeiros, têm pessoas habilitadas para prestar cuidados primários", disse Lino Maia, em Fátima, à margem do encontro nacional "As IPSS e a Saúde -- Perspetivas para o século XXI".
O responsável afirmou que foram disponibilizados estes "recursos humanos e logísticos para que haja um maior e um melhor atendimento, particularmente às zonas mais deprimidas", considerando que, "onde não há resposta pública", estas instituições podem dá-la.
Segundo o presidente da CNIS, com esta proposta, apresentada ao Governo, mas que carece ainda de resposta, "todos lucrariam".
"As instituições, porque tinham apoio para os seus recursos humanos, o Estado pouparia porque não precisava de ter recursos humanos em toda a parte e a comunidade lucraria porque tinha respostas de proximidade e não tinha que fazer grandes deslocações, muitas vezes sem meios", considerou.
Questionado sobre se há custos muito elevados com esta proposta, o responsável negou.
"É uma espécie de complementaridade, porque as instituições, em meios deprimidos, têm um lar, têm já um médico, têm enfermeiros. Portanto, era só disponibilizar algumas horas para o serviço à comunidade e ser apoiado por essas horas", adiantou, explicando que esta proposta integra um protocolo que está a ser negociado com vários ministérios e o setor solidário.
O responsável esclareceu que neste protocolo e no âmbito da saúde está ainda em análise a transferência dos hospitais, os cuidados continuados e os casos de pessoas que são abandonadas em hospitais para as quais as IPSS vão procurar respostas.
Aos jornalistas, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, reconheceu que, em termos de futuro, se pode construir com as IPSS "uma colaboração em novas áreas", apontando a possibilidade "de algum tipo de acordo, convenção, na área de cuidados primários", dado que são necessárias "várias iniciativas" para o país "ter um médico de família para todos os portugueses".
"Temos um período excecional de três, quatro anos, até podermos ter termos médicos suficientes contratados pelo Estado diretamente", explicou, defendendo a necessidade de "recorrer a várias outras formas durante um período transitório".
Para Paulo Macedo, "aqui há claramente uma janela de oportunidade" de colaboração com as IPSS e também de desenvolvimento do trabalho em curso "nas unidades de média e longa duração na parte de cuidados continuados".
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