Trabalho solidário feito em Portugal devia ser replicado na Europa
O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social (CNIS) defendeu hoje que o trabalho realizado pelo setor solidário em Portugal devia ser replicado a nível europeu, pois privilegia a integração dos mais desfavorecidos na sociedade.
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País CNIS
"Nós somos o setor solidário, não apenas social, preocupamo-nos com todas as pessoas, mas privilegiamos os mais carenciados, os mais necessitados, os mais excluídos, para que sejam integrados na sociedade", disse o padre Lino Maia, no seminário ‘Setor Social e a Estratégia Europa 2020’, que está a decorrer em Lisboa.
O presidente da CNIS adiantou que este setor tem "características importantes e que ninguém compreende na Europa", a não ser na Finlândia que tem um modelo semelhante ao português.
Na Europa, o que existe é a economia social (fundações, cooperativas e mutualidades), com base na autossustentação, enquanto em Portugal se aposta também "no reconhecimento e na defesa da dignidade humana".
"O ideal seria que se replicasse pela Europa o que se passa em Portugal", defendeu o padre Lino Maia à agência Lusa, lembrando que o setor solidário em Portugal emprega mais de 200 mil trabalhadores, apoia mais de 600 mil pessoas e representa cerca de 4,7% do Produto Interno Bruto.
"É uma realidade muito significativa, o que na Europa não acontece, e com um potencial de crescimento muito grande", sustentou.
O presidente da CNIS lamentou ainda que muitas das políticas para o setor sejam tomadas a partir de Bruxelas, quando "a realidade portuguesa é diferente de qualquer outra na Europa".
Esta situação, no entanto, está a mudar, disse Lino Maia, aludindo à aprovação recente, em Bruxelas, do programa operacional Inclusão Social e Emprego.
"Inicialmente temi que este quadro comunitário de apoio enfermasse desse vício, mas foram dados passos que me parecem vantajosos para uma visão ajustada da realidade portuguesa", salientou.
Presente no seminário, o ministro da Solidariedade Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares, realçou que "é a primeira vez" que existe em Portugal um programa operacional dirigido especificamente para a inclusão social e o emprego.
Mota Soares adiantou que uma das medidas deste programa será a criação do Fundo de Inovação Social "virado para o empreendedorismo de base social e inovação social", no valor de 150 milhões de euros.
"Este fundo é um grande desafio às instituições, às gerações mais novas de podermos encontrar novas respostas para velhos e novos problemas", sustentou.
Mota Soares reconheceu também, no seminário, "a importância que o setor da economia social tem na manutenção e na geração de postos de trabalho".
Sublinhou ainda que só foi possível manter a coesão social em Portugal, ao longo dos últimos anos, devido ao "diálogo social" e à "capacidade de resposta social" das instituições sociais.
"Uma parte muito significativa da recuperação do emprego deve-se ao terceiro setor em Portugal", que envolve mais de 55 mil entidades e "tem a capacidade de crescer em contraciclo", empregando hoje "mais pessoas do que a totalidade do setor financeiro ou do setor bancário em Portugal".
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