"Factos destes são pouco vulgares, para não dizer inéditos"
O primeiro-ministro concedeu esta quinta-feira, em São Bento, uma entrevista à RTP que, segundo o jornalista João Adelino Faria, estava agenda há mais de um mês. Numa altura em que o caso da detenção do ex-primeiro-ministro está na ordem do dia, o chefe do Governo português garantiu que acredita no funcionamento das instituições e que confia “totalmente” na justiça para tratar este caso que apelidou de “pouco vulgar” ou mesmo “inédito”.
© Reuters
País Pedro Passos Coelho
Pedro Passos Coelho concedeu esta quinta-feira uma entrevista à RTP1. Numa altura em que o caso da detenção de José Sócrates é assunto incontornável, o primeiro-ministro manteve uma posição conservadora, dizendo que este "ainda não pertence ao plano político", ressalvando que confia plenamente nas instituições e na separação de poderes, chegando mesmo a dizer que “ninguém está acima da lei”.
“Não vivemos situações que sejam triviais. É desafiador, também para as instituições. Os portugueses sabem que as suas instituições democráticas funcionam. Que a justiça está a fazer o seu trabalho. Não compete aos políticos estar a falar sobre o que pertence ao foro da justiça”, explicou o primeiro-ministro numa primeira fase.
“É importante que os portugueses sintam que as instituições funcionam e que se vive uma verdadeira democracia constitucional, em que há separação de poderes e em que, portanto, as nossas instituições estão sempre reforçadas”, explicou, dizendo que estas, “de uma maneira geral têm provado um bom funcionamento”.
Instado a comentar sobre o impacto que este caso pode ter na imagem externa portuguesa, o primeiro-ministro referiu que estes factos são praticamente inéditos em Portugal e lembrou que lá fora não é assim, pelo que é importante, apenas, assegurar que as instituições e a separação de poderes funciona.
“Para quem olhe de fora, é possível acreditar nas instituições portuguesas. Factos destes são pouco vulgares, para não dizer inéditos. Não o são noutras democracias”, explicou, acrescentando que confia “totalmente” na justiça.
Questionado sobre a afirmação que fez no dia seguinte à detenção de José Sócrates – “os políticos não são todos iguais –, Pedro Passos Coelho afirmou que o contexto foi deturpado, afirmando que falava sobre os progressos económicos feitos no país, e que queria apenas transmitir aos portugueses que é “importante que as pessoas saibam que o que se passou estes anos não foi obra do acaso”.
Outro dos pontos abordados foi o caso dos vistos gold. Neste plano, Pedro Passos Coelho, diz que há medidas de combate à corrupção, adiantando que estas talvez não “sejam suficientes porque num estado democrático não há perfeição”, mas que o facto é que ficou provado que “ninguém está acima da lei, nem um alto funcionário” do Estado.
“Ao longo dos anos temos vindo a criar mecanismos mais perfeitos para atuar contra estes crimes, mas nunca é possível evitar que alguém se porte mal ou que infrinja a lei. O que temos de garantir é que se isso acontecer o sistema penal vai atuar”, atirou, dizendo que “estamos sempre a tempo para aperfeiçoar os nossos mecanismos. Não é altura de baixar os braços”.
Para terminar a sua argumentação sobre este tema, o chefe do Governo referiu que é importante que o caso tenha sido investigado, que os portugueses possam acreditar nas instituições e que ninguém tentou “abafar o caso” ou “travar o assunto”.
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