Este ano "não é o início de nada". É um ano de "charneira"
O sociólogo António Barreto considera, num artigo publicado no jornal Público deste sábado, que o ano que agora termina “não é o início de nada”. Muito pessimista na sua reflexão sobre 2014, António Barreto considera ainda que os historiadores vão olhar para este ano como “um ano de charneira”.
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País António Barreto
O ano que está prestes a chegar ao fim vai ficar conhecido como o “ano da charneira”. É esta a opinião de António Barreto que, num texto publicado no jornal Público, explica que esta associação está relacionada com os casos judiciais que dominaram a esfera política e empresarial portuguesa.
Pessimista quanto ao que 2014 representou para o país, o sociólogo assegura que este ano “não é o início de nada porque não mostrou sinais de mudança, não trouxe ideias novas e acentuou sinais de crise da política, da crise da justiça, do aumento de corrupção, de diminuição de recursos económicos, de transferência do capital para o estrangeiro”.
António Barreto não se fica por aqui e adianta ainda que este ano “mostrou a desagregação, o disfuncionamento, a disrupção de alguns serviços públicos, como seja a educação”.
E mais. Para o ex-presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, esta é “uma época em que as pessoas não se reconhecem no sistema e as elites políticas não estão à altura de dar resposta”.
Numa análise mais alongada, o sociólogo explica que o século XXI está a ficar marcado por um retrocesso na progressão que foi alcançada no pós-Segunda Guerra Mundial.
“A segunda metade do século XX foi um período de aprofundamento da democracia, de progresso no universo das mulheres, dos jovens, etc.”, atirou, para logo de seguida afirmar que atualmente vive-se uma “inversão deste processo” com um “predomínio de governos de direita” e com o “mundo do trabalho a perder poder e voz, os partidos de esquerda a perderam voto e influência e a parte inferior da classe média a perder poder”.
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