Parque de estacionamento não avança no Príncipe Real
A Junta de Freguesia da Misericórdia informou hoje que o parque de estacionamento subterrâneo previsto para o Príncipe Real, em Lisboa, não vai avançar, na sequência de um parecer negativo da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).
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País Misericórdia
Após o parecer negativo da DGPC, a Câmara Municipal de Lisboa "vai indeferir o projeto", disse à agência Lusa a presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, Carla Madeira.
Em causa está o facto de a infraestrutura poder "colocar em risco o património arquitetónico e a vegetação do jardim" do Príncipe Real, precisou a presidente da autarquia lisboeta.
Carla Madeira, que citou informações transmitidas hoje pelo vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, nas reuniões das comissões dos transportes e do ambiente (realizadas hoje na Assembleia Municipal), explicou que o parecer da DGPC é de dia 09 de dezembro e "chegou à Câmara a 30 de dezembro, vésperas da passagem de ano, daí ser normal" só hoje ter sido divulgado.
Face ao parecer negativo, "o que o senhor vereador disse é que a Câmara vai indeferir o projeto", acrescentou.
De acordo com a autarca socialista, o projeto para a construção de um parque subterrâneo naquela zona foi pela primeira vez submetido à DGPC em 1996 e desde aí "foi sofrendo alterações".
Ainda assim, para Carla Madeira, continua a existir a necessidade de estacionamento naquela zona, pelo que defende a construção de um outro parque.
"Não é possível construir ali, mas o meu desejo é que se construa na zona", salientou, referindo-se por exemplo à criação de um parque de estacionamento no espaço onde funciona o Mercado do Rato e de outro no Bairro Alto, onde estava sediado o jornal "A Capital".
Apesar de o Mercado do Rato não estar situado na mesma zona da cidade, "já ajudaria" ter lá estacionamento, apontou a responsável, adiantando que "o ideal era haver estes dois parques, sendo os únicos espaços municipais em que a situação está a ser analisada".
Num comunicado hoje divulgado, o deputado municipal do Partido pelos Animais e pela Natureza (PAN), Miguel Santos, congratulou-se com a decisão da DGPC, referindo que a obra "colocaria em risco o coberto vegetal de um jardim histórico, onde existem sete exemplares classificados como de Interesse Público, interferiria irreversivelmente com a circulação de água no solo e sobrecarregaria a circulação automóvel numa zona já de si saturada de trânsito".
Para o deputado, estaria ainda em causa a "integridade e a salvaguarda da [Reserva da] Patriarcal e o respetivo sistema de condutas, parte integrante do conjunto uno que é o Aqueduto das Águas Livres", assinalou, citado pelo mesmo comunicado.
Em junho, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, afirmou que as perfurações no Príncipe Real, iniciadas em maio, foram apenas de avaliação e disse que é "negativo" construir ali um parque subterrâneo, embora tenha reconhecido que poderia ser "uma mais-valia" para os residentes.
Segundo o autarca, o município só autorizou as sondagens no local (por parte da Empark) para verificar se haveria interferência com o jardim, pelo que só se tomariam decisões quando o processo estivesse terminado e com a garantia de não existirem riscos.
Até ao momento, ainda não foi possível obter esclarecimentos por parte da Câmara e da DGPC.
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