Julgamento de 1981 visou ilibar Salazar da morte de Humberto Delgado
Frederico Delgado, neto do general Humberto Delgado, assassinado em 1965 pela polícia política do regime de Salazar, em Badajoz, Espanha, acredita que o julgamento dos implicados, em 1981, teve a intenção "política" de "ilibar" Salazar.
© Lusa
País Neto
Em declarações à agência espanhola Efe, durante o congresso internacional dedicado à figura do seu avô, em Badajoz, Frederico Delgado sublinhou que este julgamento, nos primeiros anos de democracia, após a revolução de 1974, serviu para que Salazar "não ficasse com o sangue de Delgado nas mãos".
Para Frederico Delgado, a memória do seu avô foi reconhecida após a revolução, mas a democracia contribuiu para absolver os agentes da PIDE -- polícia política da ditadura -- acusados do crime, afirmando ainda que, no julgamento, em 1981, foi encontrado um ‘bode expiatório’ -- Casimiro Monteiro.
Os juízes, militares, só condenaram o autor material do crime e ilibaram os demais implicados, acrescentou.
Por isso, "não se fez justiça", porque se "distorceu deliberadamente a verdade material do crime", afirmou.
A 13 de fevereiro de 1965, Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos foram assassinados perto de Badajoz, por uma brigada da polícia política (PIDE - Polícia Internacional de Defesa do Estado) chefiada por Rosa Casaco, que o atraiu a este local convencido de que se ia encontrar com militares oposicionistas.
Perante a Justiça, e após o julgamento em tribunal militar no ano de 1981, "o verdadeiro objetivo da Operação Outono [nome de código da armadilha da PIDE] era apenas o rapto e prisão do general" e o seu homicídio, às mãos de Casimiro Monteiro (elemento da brigada de Rosa Casaco), foi uma derrapagem aos planos estabelecidos.
Na opinião do neto de Delgado, a decisão do tribunal preserva a hierarquia da PIDE e a figura do ditador, uma denúncia que fez na biografia, publicada em 2008, do ‘general sem medo’.
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