Uma vez por mês as bancadas e os fogões são instalados no mercado desta cidade do distrito de Vila Real. As vendedoras doam os produtos que os alunos aproveitam para cozinhar e, ao mesmo tempo, ensinar um grupo de famílias carenciadas a confecionar pratos baratos e saudáveis.

A iniciativa envolve o programa Contratos Locais de Desenvolvimento Social Mais (CLDS+) de Peso da Régua, apoiado pela Câmara, o Centro de Saúde e a Escola Profissional do Rodo.

"Tentamos ensinar a elaborar pratos simples, fáceis e a baixo custo principalmente, de uma forma mais saudável e utilizando melhor os legumes e os produtos da nossa horta", afirmou à agência Lusa o professor Manuel Noya, responsável pelo curso de Restauração.

Do outro lado da bancada, Paula Soares Diogo, 45 anos, olha atenta para o trabalho dos alunos e professores. Ajuda a cortar batatas, cebolas e pimentos "como uma profissional" e "sem cortar os dados" e ainda morangos e bananas.

O prato principal foi tortilha de batata mas ainda houve tempo para fazer um batido de fruta.

"Aprendi muito com esta experiência e são coisas que posso aplicar depois em casa. Tenho miúdos que gostam muito de iogurtes líquidos e, em vez de estar a comprar no supermercado, faço o batido em casa que fica mais económico. Dá mais, fica mais barato e é fruta natural", salientou.

Paula Soares Diogo integra o grupo de gestão doméstica do programa CLDS+, que está a acompanhar 10 famílias.

"Esta iniciativa tem a ver com o reaproveitamento de alimentos que as nossas vendedoras do mercado nos dão todos os meses. As famílias aprendem a cozinhar melhor e de forma mais saudável", frisou a coordenadora do CLDS+, Ana Mendes.

A responsável acrescentou que a ideia passa ainda por dar uma noção aos participantes de "como se pode poupar em termos de compras de alguns alimentos e reutilizar".

Mas, ao mesmo tempo que ensinam, os alunos da Escola do Rodo estão também a praticar para aprenderem.

Diogo Maciel, 17 anos e aluno do curso de Restauração, variante Cozinha/Pastelaria, gosta destas iniciativas práticas. "Este contacto com direto com as pessoas ajuda-nos a crescer mais a nível pessoal e também profissional", salientou

Diogo acalenta o sonho de ser um 'chef' de cozinha e, por isso, disse que quer prosseguir os estudos após concluir o 12.º ano.

Também Catarina Portela, 19 anos, do curso de Restaurante/Bar, quer seguir esta área no futuro. Gosta da componente prática do curso e do contacto direto com as pessoas.

"Hoje estivemos a fazer batidos de fruta e a ensinar a aproveitar a fruta. Como estamos a ajudar pessoas carenciadas e como o pequeno-almoço é essencial, pensamos em ensinar uma coisa que fosse fácil de fazer para dar importância a esta refeição", frisou.

Ana Mendes referiu que, numa próxima ida ao mercado, será a vez de as famílias também ensinarem os estudantes.

"Trabalhamos com pessoas de etnia cigana, que confecionam os alimentos de uma forma um pouco diferente. A ideia é elas trazerem as suas receitas e partilharem com os alunos, os professores, vendedores e clientes do mercado", sublinhou.

O professor Manuel Noya garantiu que estas experiências ajudam os alunos na preparação para as provas de avaliação que vão ter que fazer.

"Este é um curso muito prático. Tentamos que sejam eles mesmos a fazer o serviço e prepará-los para, após os três anos, saírem para o mercado de trabalho", acrescentou.