Voluntários limpam 'grafittis' para Lisboa ficar mais bonita
Mais de 300 voluntários lisboetas estão hoje a "tornar a cidade ainda mais bonita", limpando assinaturas e "escritos" em paragens de autocarro, papeleiras ou outro mobiliário urbano, numa ação que também sensibiliza cada um para cuidar do bairro.
© Lusa
País Mobiliário
Os 'grafittis' e os 'tags', diferentes dos desenhos cuidados ou a arte urbana, aparecem por toda a cidade, nas paredes dos edifícios e nos equipamentos públicos e são mesmo classificados como vandalismo já que acabam por sujar e estragar bancos de jardim, sinais de trânsito, cabines telefónicas, gradeamentos e parques infantis.
Os moradores do Bairro Alto, da rua de S.Paulo ou da Mouraria não gostam de ver as suas ruas sujas e consideram que é um "triste cartão de visita" para os inúmeros turistas que estão na cidade. Por isso, aderiram ao apelo de se juntarem e passarem uma horas a retirar tintas de vários objetos.
"Queremos mostrar a nossa cidade mais bonita, com mais luz, mais brilho", disse à agência Lusa Gracinda Rebolo, uma das voluntárias que esteve no Chiado e no Bairro Alto.
A iniciativa "Lisboa mais limpa" insere-se na Capital Europeia do Voluntariado e foi organizada a Câmara Municipal de Lisboa (CML), mas teve a adesão das juntas de freguesia e de instituições como o Corpo Nacional de Escutas.
"Tivemos mais de 300 voluntários e as juntas de freguesia foram inexcedíveis na sua colaboração", disse à Lusa a diretora do departamento para os Direitos Sociais da CML, Susana Ramos.
A responsável explicou que não se trata de remover o 'grafitti', que é arte urbana, mas sim "de atos que podem ser considerados vandalismo e dar menos cor à cidade e incomodam".
"Conseguimos também [incentivar] o sentimento de pertença a participação" de vários moradores, acrescentou.
Para Luís Paisana, outro voluntário morador no Bairro Alto, o mais difícil "é limpar a tinta que é ácida, mesmo com um detergente mais forte" e realça a importância desta ação para sensibilizar os lisboetas e visitantes para a necessidade de preservar a cidade e o seu património cultural "demasiado importante para ser destruído".
Aliás, não são só os objetos que fazem parte do mobiliário urbano e as paredes a receberem estes 'grafittis', por exemplo, muitos monumentos também estão marcados.
Mas, estes exigem outros cuidados e a intervenção técnica de profissionais. A CML desempenha esta tarefa na qual gasta cerca de um milhão de euros por ano, segundo Susana Ramos.
"Cada um tem de fazer a sua parte e não só esperar pelas entidades, culpar e exigir", realçou ainda o voluntário Luís Paisana.
Igual opinião transmitiu Carlos Pinha, que se ofereceu para ajudar e para quem este tipo de vandalismo "é uma consequência do mundo de hoje, da situação atual em que cada um faz aquilo que acha que pode, prejudicando o património e as outras pessoas".
Carlos Pinha deixou, no entanto, uma nota positiva. Quando estava a limpar uma paragem de autocarro, alguém que passava aproximou-se e ficou a ajudar na tarefa. "É este efeito multiplicador que faz todo o sentido", frisou.
Quanto aos autores das assinaturas, defendeu Carlos Pinha, a insistência na limpeza das marcas que deixam no mobiliário urbano vai faze-los "perceber que o que fazem hoje vai ser apagado amanhã" e com uma intervenção continuada de um conjunto de voluntários, "a criar um movimento de oposição, eles vão acabar por desistir", concluiu.
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