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Fenprof alerta para "discriminação" crescente nas escolas

A Federação Nacional de Professores (Fenprof) considera que a escola pública está a ficar "perigosamente discriminatória para os alunos com necessidades educativas especiais", lembrando que haja muito menos professores nas escolas para mais 20 mil alunos que precisam.

Fenprof alerta para "discriminação" crescente nas escolas
Notícias ao Minuto

14:52 - 30/09/15 por Lusa

País Alunos

A Fenprof voltou este ano a fazer um levantamento sobre a situação dos apoios oferecidos aos alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) e, para tal, inquiriu 204 escolas (cerca de 25% da totalidade do universo escolar), tendo em conta o litoral e o interior, as grandes cidades e terras pequenas.

No entanto, "não há uma zona que se distinga", disse hoje Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, durante uma conferência de imprensa em Lisboa, sublinhando que a situação é "preocupante em todo o país".

"A escola pública está a ficar perigosamente discriminatória para os alunos com necessidades educativas especiais", alertou, sublinhando que durante o trabalho de campo encontraram "situações preocupantes de segregação" e a sensação de alguns destes alunos serem "atirados para armazéns, onde ficam lá todos".

O levantamento revela dezenas de escolas onde há mais alunos NEE e diminuíram ou mantiveram-se os professores disponíveis para lhes dar apoio, como é o caso da Escola das Olaias, em Lisboa, que passou de 98 para 108 alunos, mas reduziu o número de professores de oito para sete.

A coordenadora da Fenprof responsável pela Educação Especial, Ana Simões, lembrou que o ministério da Educação definiu como norma que cada professor deveria ter a seu cargo entre 12 a 17 alunos, mas que existem muitas escolas onde esse rácio é largamente ultrapassado.

"Há escolas com 31 alunos para apenas um professor, isso significa que terão direito a menos de meia hora de apoio semanal", alertou, explicando que cada professor tem, no limite, 22 horas semanais de aulas.

Há ainda turmas que não tiveram direito à redução de alunos, tal como definido na legislação: "Na Escola Pedro Nunes, em Lisboa, há 65 alunos NEE e nenhuma turma com redução", disse Ana Simões, selecionando este exemplo de uma lista de 47 estabelecimentos de ensino de todo o pais onde a situação, diz, é semelhante.

Apesar do cenário, Mário Nogueira diz que "fica a sensação que o pior está por conhecer" e por isso anunciou que a Fenprof vai agora iniciar um trabalho de fundo para conhecer o que se passa em todas as escolas do país e depois poder apresentar propostas ao próximo governo.

No início da semana, a situação do Ensino Especial foi denunciada pela Fenprof e negada pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), que garantiu ter reforçado o orçamento destinado à Educação Especial desde 2011.

"Relativamente ao número de professores de Educação Especial em funções, não houve nenhuma redução, tendo havido, também de 2014-2015 para 2015-2016, um aumento do número de docentes, e tendo-se verificado ainda a inclusão de mais professores nos quadros", afirmou na altura o MEC, em comunicado enviado para as redações.

Para Mário Nogueira, "o ministério mente descaradamente" e os números da Fenprof indicam que em 2008 havia sete mil professores para quase 50 mil alunos NEE e hoje são cinco mil docentes para cerca de 70 mil alunos:

Segundo as contas da Fenprof, isto significa que "o número de alunos aumentou cerca de 50%, mas o número de professores reduziu cerca de 25%".

Mário Nogueira diz que as verbas inscritas no Orçamento de Estado para a Educação Especial baixaram 53 milhões de euros entre 2011 e 2015.

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