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Mulheres são prejudicadas porque faltam infraestruturas para crianças

A UMAR considerou hoje que as mulheres são penalizadas quando optam por tratar dos filhos em detrimento da carreira profissional porque faltam "infraestruturas de qualidade" para acolher as crianças.

Mulheres são prejudicadas porque faltam infraestruturas para crianças
Notícias ao Minuto

11:46 - 02/12/15 por Lusa

País UMAR

Em declarações à agência Lusa, a propósito do relatório da OCDE que revela que as mães portuguesas que param as carreiras têm as pensões mais baixas entre as mulheres dos 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, a responsável da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) Manuela Tavares defendeu a necessidade de uma melhor articulação entre a vida familiar e profissional, dando condições às mulheres e homens para deixarem os filhos em "infraestruturas de qualidade".

"Penso que as principais causas estão no facto de não termos infraestruturas suficientes, capazes e a preços acessíveis para que [as mulheres] possam continuar a exercer a sua atividade profissional e as crianças poderem ser bem tratadas", sustentou.

São necessárias infraestruturas "com cuidados ajustados à idade das crianças, de forma a que mulheres e homens -- já que estas tarefas não competem só às mulheres - possam a ter algum descanso e confiança nessas infraestruturas e dar continuidade às suas carreiras", acrescentou.

A responsável da UMAR classificou a falta de confiança e de infraestruturas como a questão central que leva as mulheres a relegar as carreiras profissionais para segundo plano em detrimento dos filhos, por considerarem que o acompanhamento das crianças "poderá ser uma mais-valia".

Manuela Tavares disse ser fundamental a articulação entre a vida profissional e familiar, lembrando que é esta é mesmo uma das orientações mais importantes atualmente na Europa, embora sublinhando que tudo tem a ver com o sistema económico.

"Hoje, a tendência é para que as pessoas trabalhem mais horas por dia. As funções são de tal forma exigentes que fazem com que não tenham vida privada. É lógico que representa uma sobrecarga muito grande. Tem de estar interligado numa outra filosofia, numa outra forma de ver o trabalho e de ver a vida das pessoas, estas não são escravas do trabalho", sublinhou.

Manuela Tavares questionou ainda o porquê de estar instituído na sociedade que é a mulher a interromper a carreira e não o homem, lembrando que a partilha de responsabilidades entre homens e mulheres na família continua a ser "muito insuficiente".

Além disso, apontou, quando se trata de carreiras profissionais, os homens "não prescindem" delas para tratar dos filhos.

"Nesta sociedade, as tarefas do cuidado continuam a estar nas mãos das mulheres e não dos homens. Uma sociedade que depois não oferece condições para que as crianças tenham o cuidado devido, é normal que algumas mulheres (...) decidam interromper as carreiras para tratar dos filhos", explicou.

A responsável justificou desta forma que as mulheres sejam "bastante penalizadas", até porque quando interrompem uma carreira e regressam depois à esfera profissional, outras pessoas ascenderam ao seu lugar, ficando prejudicadas também com reflexos nos salários.

De acordo com relatório Panorama das Pensões 2015 da OCDE, divulgado terça-feira, e segundo o jornal Público, as mulheres portuguesas que ficam em casa para tratar dos filhos, interrompendo a vida ativa por dez anos, vão ter uma perda de 21% na sua pensão, quase o dobro da média da OCEDE.

A OCDE conclui que a interrupção dos descontos para a Segurança Social "retira uma parte substancial aos rendimentos das pensões", especialmente se o período se prolonga no tempo.

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