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Pré-campanha das presidenciais apagada e contaminada pelas legislativas

Contaminada pelas legislativas, a pré-campanha presidencial a um mês das eleições tem sido apagada e com pouco destaque mediático segundo especialistas, que falam de uma corrida onde Marcelo Rebelo de Sousa quase não se compromete mas corre riscos.

Pré-campanha das presidenciais apagada e contaminada pelas legislativas
Notícias ao Minuto

09:00 - 23/12/15 por Lusa

País Politólogo

Na sequência de um longo processo para a formação do Governo resultante das eleições de 04 de outubro, a pré-campanha para as presidenciais de 24 de janeiro de 2016 tem sido, na opinião do politólogo António Costa Pinto (Instituto de Ciências Sociais), "muitíssimo contaminada pelos resultados das legislativas", considerando que "não só teve pouquíssimo destaque mediático", como quando isso aconteceu foi para ser conhecida a posição dos candidatos a Belém sobre o novo executivo.

Na mesma linha, André Azevedo Alves (Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica) considerou que, devido à proximidade entre os atos eleitorais, é natural que "o tema das legislativas, da formação, da legitimidade e da estabilidade do Governo, se transponha e em alguma medida contamine e domine o debate das presidenciais".

Apesar do pouco destaque mediático, os candidatos presidenciais têm estado a percorrer o país, tendo Edgar Silva (apoiado pelo PCP) sido o primeiro a completar a volta completa aos distritos e ilhas em período de pré-campanha, seguido pelo ex-reitor da Universidade de Lisboa, Sampaio da Nóvoa.

Com a exceção da ex-presidente do PS, Maria de Belém e do empresário Henrique Neto, os candidatos mais mediáticos deslocaram-se todos ao estrangeiro nestes meses e foi Marcelo Rebelo de Sousa aquele que menos distritos visitou, mas também porque foi o último a anunciar a candidatura deste rol.

Para André Azevedo Alves, há outro fator que contribui para este apagamento da pré-campanha, que é a estratégia do candidato recomendado por PSD e CDS-PP de "não tomar posições, comprometer-se o menos possível" e "aparecer quase exclusivamente em contextos relativamente inócuos e tanto quanto possível neutros".

"O que faz sentido, porque quem parte de uma base de apoio tão alargada, que reúne pessoas que votam em vários partidos, quase que tudo o que o candidato Marcelo Rebelo de Sousa diga de substantivo lhe pode fazer perder votos porque dificilmente vai agradar a toda a base de apoio com que parte", justificou.

António Costa Pinto defende que as duas novidades desta pré-campanha cabem ao candidato à frente nas sondagens: uma "estratégia de independência acima da média" e "um modelo muitíssimo centrado na sua pessoa", sem a demonstração habitual do rol de apoios dos vários quadrantes.

Apesar dos politólogos concordarem que esta estratégia da pré-campanha parece ser avisada, tendo em conta as sondagens e o protagonismo de Marcelo Rebelo de Sousa, também contém riscos.

Na opinião de André Azevedo Alves, ao estabelecer o "teto do apoio máximo no ponto de partida e depois tentar até às eleições evitar fazer ondas para minimizar perdas", pode sempre haver "um desgaste dessa base eleitoral", considerando ainda que sem grandes fatores de mobilização poderá haver uma maior abstenção e, nesse cenário, Marcelo Rebelo de Sousa será o maior prejudicado.

Por outro lado, o facto de o secretário-geral do PS, António Costa, estar limitado pela existência de duas candidaturas na área socialista -- Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém -- e ter uma posição passiva sobre as presidenciais favorece o candidato da direita, de acordo com este especialista da Universidade Católica.

Na opinião de Costa Pinto, com a candidatura de Maria de Belém, Sampaio da Nóvoa tem sido "ironicamente colocado mais à esquerda do que na realidade ele está", considerando que os candidatos apoiados pelo BE e pelo PCP (Marisa Matias e Edgar Silva, respetivamente) não trazem nenhuma novidade do ponto de vista da mensagem e que a candidatura do ex-vice-presidente da Câmara do Porto, Paulo Morais, é "monocausal" -- apenas centrada na corrupção - enquanto a do empresário Henrique Neto é assente "num modelo de discurso mais tecnocrático".

As eleições presidenciais de 24 de janeiro de 2016, nas quais vai ser escolhido o sucessor de Cavaco Silva, ameaçam bater o recorde de seis candidatos (registado em 2006 e 2011). Chegaram a ser 22 os presidenciáveis que se apresentaram com a intenção de avançar, mas sete já anunciaram publicamente a desistência.

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