"Tenho receio que ela cause algum dano às meninas para me incriminar"
A pequena Samira, cujo corpo continua desaparecido, completava hoje, dia 20 de fevereiro, o seu quarto aniversário.
© D.R.
País Caxias
Palavras pertencem ao pai de Samira e Viviane, as duas meninas que morreram afogadas nas águas do Tejo da praia da Chiribita, entre Paço de Arcos e Caxias, em Oeiras.
Num e-mail enviado, a 10 de dezembro do ano passado à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Amadora, Nelson Ramos deixou claro que o comportamento da ex-companheira não lhe inspirava confiança, deixando-o preocupado com o bem-estar das duas filhas.
“Tenho receio que a mãe utilize as meninas para me atingir e para se vingar de mim, pois tínhamos uma relação extremamente complicada. Tenho receio que [a Sónia] lhes cause algum dano físico ou psicológico só para me incriminar e me impedir de reclamar o direito de ser pai”, escreveu o pai agora em luto, segundo informações dadas ao Notícias ao Minuto pelo advogado Rui Maurício.
A resposta ao e-mail não tardou. “Disseram que a informação havia sido encaminhada para o Tribunal da Amadora, mas nem sequer nos disseram qual era o número do processo”, contou o causídico.
A Comissão de Proteção de Crianças em Jovens em Risco disse, em comunicado emitido ontem, que as crianças haviam sido sinalizadas em novembro após a denúncia por parte de Sónia Lima de que a filha Samira teria sido abusada sexualmente pelo pai.
“Na sequência das sinalizações recepcionadas a 20 e 24 de novembro de 2015, respectivamente por parte do Hospital Fernando da Fonseca (Amadora/Sintra) e da PSP, foram as mesmas remetidas com caráter de urgência aos serviços do Ministério Público para efeitos de instauração de processos de promoção e proteção judicial”, lia-se na nota.
Rui Maurício contou ao Notícias ao Minuto que o parecer da Segurança Social chegou ao seu escritório, mas já era tarde demais: as meninas já tinham morrido depois de, alegadamente, terem sido levadas para as águas do Tejo pela mão da própria mãe.
“Na terça-feira [um dia depois da tragédia] recebemos o relatório da Segurança Social que conclui que as meninas estão em risco, pois a mãe está desempregada e afastou-se dos seus pais”, revelou o advogado, lamentando a demora das instituições em dar uma resposta.
“Aquilo que a mãe queria era a propriedade das filhas. Esta tragédia aconteceu 10 dias depois de termos entregue um pedido de regulação do poder parental que pedia que o meu cliente pudesse ver as filhas com mais regularidade”, contou o causídico.
Este pedido de regulação previa que até que Viviane completasse dois anos, o que aconteceria em junho, Nelson teria direito a ver as filhas ao sábado ou ao domingo durante o período do dia. Assim que a menina comemorasse o segundo aniversário, então as meninas poderiam passar, alternadamente, dois fins de semana por mês com o pai.
Em entrevista à RTP, concedida ontem pelo pai das meninas, Nelson Ramos falou publicamente sobre o caso.
“Tiraram-me as meninas de vez. Destruíram-me a vida”, disse o pai de Samira e Viviane em lágrimas, garantindo nunca ter feito “nada às meninas”.
“Sempre cuidei delas. Tudo o que lhes dava era amor e carinho”, desabafou, garantindo que jamais irá perdoar a mãe das meninas.
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