O coordenador do projeto, Vitor Vasconcelos, disse à Lusa que estes micro-organismos marinhos (bactérias, cianobactérias e fungos) podem também ser utilizados em compostos na área da cosmética ou nutracêutica (resulta da combinação dos nutrição e farmacêutica e estuda os componentes presentes nas frutas, legumes, vegetais e cereais).
A biomassa produzida com estes organismos é processada segundo o conceito de biorefinaria (conversão da biomassa em produtos químicos, que minimiza a produção de resíduos industriais), explicou o coordenador, indicando que dessa forma produz-se "resíduo zero".
Os investigadores pesquisam também compostos com atividade antivegetativa, para serem usados, por exemplo, em tintas e acrílicos de navio e outras estruturas imersas, "de forma a evitar o incrustamento", evitando problemas nas indústrias navais, de turismo, aquacultura e pescas.
Para os ensaios do projeto NOVELMAR, a equipa de investigação isola organismos marinhos originários de amostras naturais e de coleções de culturas já existentes.
Uma dessas coleções é a LEGE, considerada a maior de cianobactérias a nível nacional, congregando mais de 400 estirpes destes organismos, reconhecida pela Federação Mundial de Coleções de Culturas e instalada no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões.
Neste projeto interdisciplinar, que tem a duração de três anos, estão envolvidos biólogos, geneticistas, microbiólogos, químicos, bioquímicos, farmacêuticos, num total de mais de 100 investigadores, incluindo 40 doutorados, 20 alunos de doutoramento e seis novos contratos de doutorados.
É uma das três linhas do projeto integrador INNOVMAR - Inovação e sustentabilidade na gestão e exploração de recursos marinhos, financiado pelo Programa Operacional Regional do Norte (NORTE2020) através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) com um valor total de 1.4 milhões de euros.
Os envolvidos no projeto pretendem realizar, em setembro de2018, uma exposição de Biotecnologia Marinha com base nos resultados obtidos neste projeto.