"Dinheiro do Benfica fora das empresas de Vale e Azevedo"
Uma testemunha de defesa garantiu esta terça-feira no julgamento de Vale e Azevedo que verbas do Benfica, movimentadas em conta da sociedade de advogados do antigo presidente do clube, não entraram na contabilidade da empresa.
© Lusa
País Testemunhas
José Luís Fernandes, revisor oficial de contas da sociedade de advogados de Vale e Azevedo na altura dos factos, disse no tribunal que soube que o então presidente do Benfica colocou uma conta bancária à disposição do Benfica - com contas penhoradas de Abril a Junho de 1988 - e referiu que os movimentos "nunca foram contabilizados na Vale e Azevedo & Associados".
"Era uma conta em que clientes depositavam dinheiro e passavam procuração a Vale e Azevedo para concretizar negócios, usando esse dinheiro. Era uma conta que nada influenciou o movimento normal da empresa, quer em termos de resultado quer correntes", assinalou o técnico, sublinhando que "um livro de cheques dessa conta esteve nas instalações do Benfica".
Inquirido pela advogada de Vale e Azevedo, Luís Cruz, a testemunha referiu que um relatório da inspecção tributária não detectou qualquer inscrição de movimentos de verbas do Benfica na Vale e Azevedo & Associados e em outras empresas do universo empresarial do antigo presidente do clube.
Referiu ainda que a sociedade de advogados "tinha uma rentabilidade bastante elevada" e que Vale e Azevedo dispunha de "património razoável, com rendimentos acima da média".
Para hoje estavam previstas as alegações finais, mas a dificuldade na notificação de testemunhas forçou o colectivo de juízes, presidido por José Manuel Barata, a marcar para 07 de maio.
Neste processo, que prossegue hoje à tarde com a inquirição a uma testemunha abonatória, Vale e Azevedo é acusado de peculato, branqueamento de capitais, falsificação de documento e abuso de poder.
Extraditado para Portugal a 12 de Novembro de 2012, Vale e Azevedo não estará presente no julgamento, pois usou a prerrogativa da lei no âmbito de extradição para Portugal (princípio da especialidade).
O presidente do Benfica de 3 de Novembro de 1997 a 31 de Outubro de 2000 alegou que "não pode ser sujeito a procedimento penal por infracção praticada em momento anterior" à sua extradição, ao abrigo do mandado de detenção emitido após fixado o cúmulo jurídico de 11 anos e meio no âmbito dos processos Ovchinnikov/Euroárea, Dantas da Cunha e Ribafria.
Por isso, pediu, a 18 de Dezembro de 2012, que "cessem as sessões" na 3.ª Vara, em que, além de acusado de se apropriar de mais de 4,5 milhões de euros do Benfica, está a ser julgado pelos crimes de branqueamento de capitais, abuso de poder e falsificação de documento.
Vale e Azevedo pediu também o afastamento do juiz presidente, mas o Tribunal da Relação de Lisboa rejeitou.
Nesta acção, estão em causa as transferências dos futebolistas britânicos Scott Minto e Gary Charles, do brasileiro Amaral e do marroquino Tahar El Khalej.
A aguardar a decisão do Tribunal de Execução de Penas de Lisboa sobre o pedido de liberdade condicional, uma vez que considera ter cumprido cinco sextos da pena de 11 anos e meio de prisão efectiva, Vale e Azevedo está preso no Estabelecimento Prisional da Carregueira, em Sintra.
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