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"Morte deixa de luto todos os que se batem pela liberdade"

O antigo presidente da Assembleia da República Mota Amaral considerou hoje que a morte do ex-chefe de Estado Mário Soares deixa de luto todos os que se batem pela liberdade e democracia.

"Morte deixa de luto todos os que se batem pela liberdade"
Notícias ao Minuto

19:26 - 07/01/17 por Lusa

País Mota Amaral

"O falecimento de Mário Soares não afeta e deixa de luto apenas a sua família, que cumprimento com sentidas condolências, mas todo o nosso país e a grande comunidade daqueles que em qualquer parte do mundo apreciam e se batem pela liberdade e pela democracia", considera Mota Amaral numa declaração escrita enviada à agência Lusa, na qual recorda o percurso político do ex-Presidente da República.

Mota Amaral, também antigo presidente do Governo dos Açores eleito pelo PSD, refere que "é bem conhecida a contribuição de Mário Soares para a implantação de um regime respeitador das liberdades cívicas em Portugal".

"Desde a juventude esteve sempre envolvido na resistência à ditadura, sofrendo dela a prisão, os maus tratos e o exílio. Com isso também conquistou, por direito próprio, um lugar de honra como precursor da Revolução do 25 de Abril", assinala Mota Amaral, destacando que, "no fragor do processo revolucionário", Mário Soares não esqueceu "o seu compromisso vital com os valores da liberdade e da democracia".

O social-democrata adianta que, como primeiro-ministro, Mário Soares "enfrentou corajosamente as difíceis circunstâncias da época, visando sempre, por cima de objetivos partidários, os superiores interesses nacionais" e, mais tarde, "desempenhou com grande brilho e alta dignidade a função de Presidente da República, num clima de alegre distensão e serena proximidade com as populações, junto de quem deixou a marca indelével das presidências abertas".

"O gosto pela política e a arguta intuição sobre as evoluções sociais em curso não o deixaram calar-se, mesmo depois de terminada uma intensa e frutuosa atividade pública. A voz incómoda de Mário Soares continuou a fazer-se ouvir e a ser atentamente escutada na denúncia dos perigos que estão hoje em dia ameaçando as sociedades livres e democráticas", acrescenta.

Para Mota Amaral, "uma carreira política tão duradoura e envolvendo tantas e tão complexas responsabilidades não pode, certamente, avaliar-se de modo uniforme, nem ser totalmente consensual o juízo sobre o seu extenso conteúdo", mas, "na hora final, o balanço é decerto claramente positivo e merecedor de respeito e muito apreço".

Mário Soares morreu hoje, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.

O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira.

Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.

Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros após a revolução do 25 de Abril de 1974.

Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.

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