"O comando da precariedade é MEO. Melhores salários e estabilidade laboral", "Trabalhadores da Manpower em greve" ou "Não à precariedade. Somos MEO. A luta continua" eram algumas das frases que se podiam ler nas faixas dos trabalhadores subcontratados da agência de emprego Manpower e que hoje protestaram junto às instalações na PT/MEO, no Porto.
Em declarações aos jornalistas, Nelson Leite, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (Sinttav) / CGTP, explicou que há cerca de 400 trabalhadores subcontratados da Manpower que estão numa situação precária e que exigem a "integração na PT/MEO" e "aumentos salariais".
Segundo o delegado sindical, os trabalhadores das telecomunicações e audiovisual estão a fazer uma "reivindicação muito justa" e "muito concreta", designadamente exigindo "o aumento dos salários para 600 euros" para aqueles que auferem o salário mínimo nacional, exigindo também um aumento de 4% - nunca inferior a 40 euros -- para os que ganham mais do que o ordenado mínimo.
"Os trabalhadores exigem que o seu vínculo seja com a empresa PT, a empresa que verdadeiramente usufrui do seu serviço há anos", explica Nelson Leite, referindo que há funcionários há mais de uma década numa situação precária, como é o caso de Elisabete Magalhães, que assume trabalhar há 16 anos em regime temporário.
"Nós não estamos a fazer um trabalho temporário, eu trabalho há 16 anos para a MEO. Trabalhei na Boavista, trabalhei em Santo Tirso, trabalho aqui, há 16 anos, ou seja, a empresa deveria contratar-nos como empregados deles, não como da Manpower, porque por quem nós damos o nome quando estamos a atender o telefone é a MEO. Nós não dizemos 'boa tarde, Manpower'; dizemos 'boa tarde, MEO'", declarou a trabalhadora em greve, lamentando que a empresa "tenha lucros de milhões", mas que nem sequer se digne "a falar" com os funcionários.
"Não se dignam a ouvir as nossas preocupações, nada. Eles não valorizam o nosso trabalho. Eles cingem-se ao ordenado mínimo, ou seja, o ordenado mínimo deveria ser um valor de referência, não era para eles se cingirem àquilo", afirmou.
Elisabete Magalhães conta que ganha 528 euros por mês e que os funcionários só conseguem "viver" porque têm ajuda de familiares.
Os trabalhadores já fizeram dois plenários, um a 22 de novembro, em que não houve qualquer resposta, quer da Manpower, quer da PT, e outro a 22 de dezembro.
Segundo o sindicalista, a greve de hoje é a "primeira do setor de que há memória".
A Lusa contactou a empresa PT/MEO, mas não foi possível até ao momento obter qualquer comentário.