Uma equipa de investigação do Instituto de Ciências da Terra da Universidade de Évora é autora de um estudo sobre sismologia publicado na revista Sismological Research Letters, que identifica as zonas com maior incidência sísmica em Portugal.
A região do Vale inferior do Tejo (toda a orla do sudoeste português), o Algarve e os Açores são, segundo indica a investigação, as áreas com maiores intensidades sísmicas observadas em território português. Coincidem, segundo Mourad Bezzeghoud, geofísico co-autor do artigo científico, com as zonas com intensidades sísmicas observadas (IMO) mais elevadas.
Segundo o especialista, esta situação, “conjugada com a inadequada capacidade de grande parte do nosso edificado resistir satisfatoriamente a fortes solicitações sísmicas”, coloca “uma parte importante da população portuguesa numa situação de risco sísmico considerável”.
Para produzir o mapa de IMO, a equipa analisou a sismicidade em Portugal entre os anos 1300 e 2014, num total de 175 sismos, recorrendo para isso a dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), explica a Universidade de Évora em comunicado.
E os especialistas aproveitam ainda para dar um conselho: “Adaptar tanto edifícios habitacionais como outras estruturas, desde barragens a pontes e viadutos, às solicitações dinâmicas do solo é um fator determinante na redução do número de vítimas durante um sismo”.
Ainda que não seja possível prever sismos com antecedência de horas ou semanas “existem metodologias bastante afinadas para a previsão longo prazo. O sismo que ocorreu no Chile em 29 de março de 2010, com magnitude de 8.8 (M=8.8), era esperado desde a década de oitenta”, exemplificam os investigadores.