Fugitivos de Caxias desafiam estatísticas e abrem debate sobre prisões
Fuga de Estabelecimento Prisional de Caxias abriu caminho a duras críticas de sindicatos.
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País Cadeia
Dois cidadãos chilenos, de 29 e 30 anos, e um português com 30 anos, fugiram durante o fim de semana do Estabelecimento Prisional de Caxias.
O método já todos o devemos ter visto em filmes e ouvido de outras histórias: serraram as barras da janela da cela, saltaram e escaparam de noite. É de calcular que a fuga estivesse a ser planeada há algum tempo, devido ao cuidado e tempo que exigiria serrar barras.
Entretanto, já veio a público que esta foi a terceira tentativa nos últimos meses naquela mesma cadeia. Júlio Rebelo, presidente do Sindicato Independente dos Guardas Prisionais, referiu, na antena da SIC, que houve “mais duas tentativas no mesmo local” desde novembro, levadas a cabo por “indivíduos diferentes”. Ambas falharam.
Certo é que estes três fugitivos, que ali estavam detidos em prisão preventiva, por suspeitas de furto, têm as estatísticas contra si.
Nos últimos cinco anos fugiram 52 reclusos das cadeias portuguesas. A evasão do último fim de semana foi apenas a primeira de 2017. Mas segundo o que a Direção-geral de Reinserção e Serviços Prisionais adiantava à Lusa, todos os reclusos evadidos nos últimos cinco anos foram recapturados. A única exceção até ao momento é precisamente a destes três fugitivos.
Da fuga às críticas
O caso de Caxias abriu caminho a críticas de organizações sindicais. A falta de efetivos e as difíceis condições da profissão dos guardas prisionais são alguns dos pontos levantados.
O sindicalista Júlio Rebelo lembrou mesmo que, um pouco por todo o país, houve torres de vigia a serem encerradas. Ainda assim, o Ministério da Justiça esclareceu em comunicado que as duas torres de vigia de Caxias próximas do local da fuga por onde estavam "ativas" no momento da fuga.
Já a Associação Sindical de Chefias do Corpo da Guarda Prisional considerou que a evasão de três reclusos do Estabelecimento Prisional (EP) de Caxias é fruto da "dramática falta de guardas prisionais".
O presidente da associação, Mateus Dias, afirmou mesmo que o que aconteceu na cadeia de Caxias "é o reflexo das más condições em que se encontra o sistema prisional", que, diz mesmo, "foi votado ao abandono pelo Estado".
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