Numa intervenção no debate quinzenal com o primeiro-ministro, o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, questionou António Costa sobre uma eventual nova reforma na educação que passaria pela flexibilização curricular e que chegou a ser admitida pelo secretário de Estado da Educação João Costa, mas na qual o Governo teria recuado.
"Disse várias vezes que as escolas precisam de respirar, de paz, de tranquilidade", respondeu António Costa no parlamento, salientando que entre 2011 e 2015 houve sete alterações, quer de metas quer de currículos.
Reconhecendo que "nem todas essas mudanças foram pacíficas" e que "é legítimo" que muitos queiram rapidamente corrigir o que foi feito, o primeiro defendeu, contudo, "que um erro não se corrige com novo erro"
"Se houve nos últimos quatro anos excesso de alterações, o pior erro era haver agora novo excesso de alterações para corrigir o excesso de alterações", disse, sublinhando que é necessário "dar tempo" para avaliar o que foi feito.
Para o primeiro-ministro, o mais importante no setor da educação é que "as alterações que sejam necessárias sejam feitas com consenso" e "respeitando e valorizando" a autonomia das escolas.
Notando ter registado "o recado" enviado por Costa ao seu secretário de Estado, Montenegro questionou o primeiro-ministro sobre quais os erros que considera terem sido cometidos na área da educação, salientando que várias avaliações independentes apontam para melhorias.
Na resposta, o primeiro-ministro destacou que os resultados dos testes internacionais sobre o desempenho do sistema educativo devem orgulhar as famílias, os alunos e os docentes, acrescentando que esse é um mérito de sucessivos Governos e não apenas do anterior.
"Os resultados na educação são resultados cumulativos", disse, considerando que tão importante foi o alargamento da escolaridade obrigatória nos Governos de Cavaco Silva como do pré-escolar nos executivos liderados pelo socialista António Guterres.