Explorações de porco alentejano em risco
O número de explorações de porco alentejano no Baixo Alentejo registou, nos últimos dois anos, um "ligeiro decréscimo", devido a "constrangimentos" provocados pela crise, revelou hoje o presidente de uma associação de criadores.
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País Baixo Alentejo
Desde que a crise "começou a ser mais marcada e a sentir-se no consumo", ou seja, "nos últimos dois anos", houve "um ligeiro decréscimo, entre 10% e 15%, no número de explorações" no Baixo Alentejo, disse à agência Lusa o presidente da Associação de Criadores de Porco Alentejano (ACPA), Nuno Faustino.
Há dois anos, existiam cerca de 170 explorações de porco alentejano no Baixo Alentejo e, atualmente, existem cerca de 150, disse o responsável, que falava à Lusa a propósito do 7.º Congresso Mundial do Presunto, organizado pela Câmara de Ourique e pela ACPA e que vai decorrer entre terça e sexta-feira naquela vila alentejana.
"Algumas explorações, sobretudo as menos competitivas", "não conseguiram resistir a constrangimentos" provocados pela crise, como o aumento dos custos de produção, a diminuição da procura e dos preços de mercado e margens de lucro "praticamente inexistentes".
As explorações de porco alentejano têm tido "margens muito no limite entre o custo e a receita", ou seja, "o lucro é praticamente inexistente", o que "fez com que algumas cessassem a atividade e outras tivessem que reduzir os seus efetivos", disse.
Segundo Nuno Faustino, através da realização do 7.º Congresso Mundial do Presunto em Ourique, a organização quer, sobretudo, "dar visibilidade ao setor do porco alentejano", para que "consiga afirmar-se e ganhar dimensão nos mercados externos", porque, desta forma, será possível "potenciar" as produções no Baixo Alentejo.
"O porco alentejano, pelas suas características genéticas, é um animal que permite produtos de qualidade excelente e inigualável, como presunto, que tem um potencial muito grande para nichos de mercado ´gourmet`", sublinhou.
Trata-se do "animal que mais potencia os recursos naturais do montado", como a bolota, da qual se alimenta, disse, frisando que "o Baixo Alentejo é uma região de montado" e, por isso, "o setor do porco alentejano é muito importante para o desenvolvimento sustentável da região e pode sê-lo ainda mais, porque tem potencial para crescer".
O setor do porco alentejano "é essencial para a subsistência da produção agropecuária, do montado e do mundo rural e para o desenvolvimento sustentável" do Baixo Alentejo, nomeadamente de Ourique, disse à Lusa o presidente do município, Pedro do Carmo.
Por isso, frisou, a Câmara de Ourique "aposta" na estratégia de "afirmação" de Ourique como "capital do porco alentejano" e na promoção internacional daquela carne junto de mercados "fundamentais" para a dinamização económica e social do setor.
A Feira do Porco Alentejano, que decorre anualmente, o 1.º Congresso Ibérico do Porco Alentejano, que decorreu em 2008, e o Congresso Mundial do Presunto, que vai decorrer esta semana, em Ourique, são algumas das iniciativas promovidas pelo município no âmbito da estratégia e em parceria com a ACPA.
O 7.º Congresso Mundial do Presunto, que se realiza pela primeira vez fora de Espanha, irá reunir cerca de 500 participantes, entre académicos, empresários e produtores, para debater a produção, a transformação, a certificação, a promoção e comercialização de presunto de porco.
Além das atividades científicas, o congresso inclui atividades abertas ao público, como uma prova de presuntos do mundo e um concerto do fadista António Zambujo, na quinta-feira.
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