Tem 74 anos e foi um dos estrategas do derrube da ditadura que vigorou em Portugal até 1974. Vasco Lourenço diz não se arrepender de nada do que fez até aos dias hoje, até porque o que o move são os “ideais” e não os interesses. Admite que terá errado muitas vezes, mas como tudo o que faz é “de forma honesta”, não tem por que se arrepender. Sobre os objetivos de Abril, foram todos cumpridos. Diferente é, lamenta, aquilo que os portugueses foram ou não capazes de fazer nestes mais de 40 anos. Uma das suas grandes mágoas? Os fascistas terem-no mandado para os Açores, impossibilitando-o de coordenar o golpe de Estado.
Recebeu-nos na Associação 25 de Abril (A25A), para uma conversa onde coube o passado, mas também o presente da política dos dias que correm, não deixando de parte a 'Geringonça', a Oposição, e, claro, Presidente da República em quem não votou, mas que só tem a elogiar.
'Contrariados, mas vamos' foi o lema que propôs para o seu batalhão, à data do Ultramar, que não foi aceite, como já calculava, e que propusemos nós como mote para iniciar esta entrevista.
Contrariado, mas foi...
Fui, fui contrariado, por razões pessoais e conjunturais. No fim de fazer a Comissão na Guiné, declarei solenemente que não voltava à guerra, tinha aberto os olhos e percebido que aquela guerra era ilegítima e que quem tinha razão era quem andava lá a lutar pela liberdade deles e pela independência, e não nós que estávamos a pretender impor a continuação do colonialismo.
E o facto de terem ido contrariados fez com que se empenhassem menos na guerra?
Posso dizer que na minha companhia tinha cerca de 180 homens, havia do quadro permanente três, eu e dois sargentos. Os soldados eram todos obrigados a estar lá. E portanto, o sentimento que havia não era o de ir fazer a guerra a sério, era um sentimento de 'eu tenho que vir aqui porque sou obrigado a vir'.
E eu, aliás, na instrução que dei ao meu pessoal, costumava dizer-lhes o seguinte: “Vocês ou querem viver em Portugal, na metrópole, e têm de ir fazer a guerra, tentar vir e depois viver aqui em paz. Ou admitem não viver aqui e fogem para o estrangeiro. Mas também costumava dizer, se optarem por fugir, façam-no bem e não se deixem apanhar porque a pena para os desertores era de dois a oito anos de prisão. A grande maioria dos militares tinha uma folha de papel quadriculado e metia o ano, o mês e o dia e ia fazendo cruzinhas nos dias que iam passando, para contar quantos dias faltavam para acabar a guerra.
Fomos lá fazer a guerra para procurar a paz aqui em Portugal
Como quem está na prisão...
Sim, sim. A maior parte da malta tinha isso. As unidades todas faziam a sua história oficial, contavam quem é que compunha a unidade, quantas operações, quantos mortos, quantos feridos, etc. E eu decidi, 'bom, o batalhão vai ter de fazer esse relatório, mas nós vamos fazer uma história diferente da nossa companhia, vamos escrever sentimentos que tivéssemos sentido aqui'. Pedi ao meu pessoal que o fizesse, o que resultou num livro que só foi publicado depois do 25 de Abril. E um dos textos que lá está, escrito por um alferes, é precisamente 'Finalmente!', finalmente estamos prontos a regressar.
As companhias tinham o hábito de fazer pequenos monumentos para colocar a sua bandeira. Estive em dois sítios diferentes [na Guiné], e no primeiro, a frase que lá ficou foi 'Por aqui passámos, fazendo a guerra, procurando a paz'. E este percorrendo a paz não era a paz de lá, mas a paz aqui. Fomos lá fazer a guerra para procurar a paz aqui em Portugal.
E quando é que se apercebeu de que era essa a missão, a de procurar a paz para Portugal?
As Forças Armadas nunca declaram guerra, nem paz, fazem a guerra quando o poder político declara a guerra, para que se possam criar condições para o poder político resolver os problemas que o levaram a declarar a guerra. E, portanto, eu estava na minha função de fazer a guerra para que o poder político pudesse resolver os problemas.
Mas quando abri os olhos, digamos assim, passado menos de um ano, descobri uma rede de informações subversiva. Descobri que essa rede chefiada por um milícia chamado Bori, nunca mais me esqueci do nome dele, que foi morto pelos próprios colegas, numa emboscada. E isso provocou-me um choque enorme e pensei 'que raio de situação é esta, que valores, que ideais estes tipos têm para se colocarem numa posição que acabam por ser mortos pelos próprios companheiros. E isso mexeu muito comigo. (...) E eu disse “estou aqui a mais, esta guerra é injusta e, no que me diz respeito, não vou fazer mais ações ofensivas e quando regressar, não volto cá, e vou fazer tudo para alterar este estado de coisas”. E vim com essa disposição.
Fale-me das ações de 'lavagem cerebral' aos soldados, no terreno. Isso acontecia, certo?
No ambiente militar, na tropa, existe muito a chamada ação psicológica, em que o indivíduo defende os valores em que está acreditar e argumenta para convencer os outros de que esses valores é que estão corretos. Havia, mas não era muito acentuado, não era muito intenso. Eu na minha companhia nunca a fiz, porque fazíamos exatamente o contrário. Discutíamos. Por exemplo, uma das coisas que fiz foi levar daqui discos de música de intervenção e de contestação que eram proibidos. Havia aí dois ou três discos, do Zeca Afonso, outro do Fanhais e outro do Adriano Correia de Oliveira. E de vez em quando o meu pessoal pedia-me os discos. Ainda os tenho, completamente riscados. Fazíamos sessões para ouvir essa música de contestação à guerra. Dou por mim a fazer poesia contra a guerra, em plena guerra. Agora, que havia sítios onde havia uma ação psicológica e provavelmente havia tipos exagerados.
E o dia a dia na guerra como era? Havia espaço para relaxar?
Não. No mato, e a minha experiência é no mato, o tempo de relaxe era muito pouco. Tínhamos de estar permanentemente vigilantes porque de um momento para o outro podíamos começar a embrulhar. Embrulhar é começar a ser atacados. Fui atacado várias vezes. Por outro lado, tínhamos operações constantes de patrulhamento e etc. e por isso mesmo os tempos de relaxe eram muito poucos.
Sem a guerra colonial não tinha acontecido o 25 de Abril, pelo menos como ele aconteceu
Fale-me da conspiração. Como era conspirar naquela altura, sem telemóveis, sem internet, e em plena ditadura?
A conspiração começa precisamente por causa da guerra, a guerra está no cerne de tudo. Aliás, tenho dito e mantenho, que sem a guerra colonial não tinha acontecido o 25 de Abril, pelo menos como ele aconteceu.
Foi a gota de água?
Não foi só a gota de água. O problema era este: As Forças Armadas fazem a guerra que é declarada pelo poder político para levar o poder a resolver os problemas. A guerra em si não é solução para nada, nunca foi nem há-de ser. Portanto, o que se exigia ao poder político era que tentasse encontrar uma solução política. Mas o poder político em Portugal via a guerra como um fim em si. Não punha a hipótese de encontrar uma solução política, de negociar com os movimentos de libertação, não senhor.
Quando foi preso, a 9 de março de 1974, chegou a pensar que estava tudo perdido?
Fui sempre um individuo relativamente confiante. Tinha o conhecimento, a noção perfeita da organização que nós tínhamos e do sentimento que se vinha gerando. Quando estive preso na Trafaria, foram cinco/seis dias, não tive esse sentimento.
Antes disso, foi enviado para os Açores.
Quando dia 15 de março chego a Ponta Delgada e há o 16 de março a seguir, aí fiquei desesperado. Lancei uma série de impropérios aos meus camaradas: “Cambada de incompetentes, metem-se numa coisa dessas”. Porque eu admiti que aquilo fosse mesmo o decapitar do movimento. Oito dias depois chegou o Melo Antunes e sossegou-me. Disse que estava tudo a andar, apesar de terem prendido uns quantos gajos. Voltei a ter certeza de que íamos ganhar.
E no dia 25 de Abril, chegou a pensar que as coisas podiam correr mal?
No dia 24 estava de oficial de serviço, no quartel-general em Ponta Delgada. Tinha combinado com o Otelo, que me substituiu na responsabilidade operacional, que ele enviasse para a sogra do Melo Antunes, um telegrama com um texto de código que lhe enviei, ele só tinha que preencher a data e a hora. Recebemos o telegrama no dia 24 à tarde, o texto dizia: “Tia Aurora segue Estados Unidos da América, 25.0300. Um abraço, primo António”. O que me interessava era o 25.0300, que era a hora que ia começar o golpe. Eu estava de oficial de serviço e o Melo Antunes quando chegou a casa e a mulher lhe mostrou o telegrama, voltou logo ao quartel-general.
Pensei logo que estar de oficial de serviço me facilitava as coisas. E comecei a pensar como é que iria correr aqui [nos Açores]. Pus-me no gabinete à 1h e tal de lá, com o quartel todo controlado, e tudo preparado, e ponho-me a ouvir rádio. Como não sabia em que emissora iria ser, mudo de posto em posto, e apanho o comunicado do MFA a meio. Ouço: “Apelamos à população para não sair de casa, apelamos aos médicos para correrem para os hospitais, esperamos que não haja necessidade”. E a seguir começa uma marcha militar. Perante isto, a minha dúvida era de quem é que era o comunicado. É nosso ou é deles? Tanto podia ser nosso como das forças da ordem que estavam a pedir à população que, face aos confrontos que já havia, não saíssem de casa.
Tive a convicção plena de que iríamos ganhar. Nunca me passou pela cabeça que podíamos falhar
E quando é que se apercebe de que o comunicado é do MFA?
Não sei se foram dois minutos, três minutos, a mim pareceu-me uma eternidade. Fiquei sozinho no gabinete, passeava tipo fera enjaulada, de um lado para o outro, a pensar ‘é nosso ou é deles, é nosso é deles’. E de repente, para a marcha militar, e ouço: ‘Aqui, posto de comando do Movimento das Forças Armadas...’, uma repetição do comunicado. Bem, eu a ouvir aquilo dou por mim aos saltos, feito doidinho, sozinho. “Já ganhámos, já ganhámos”. Estávamos a ocupar uma emissora e a difundir aquela mensagem, percebi que já tínhamos ganhado, tive a convicção plena de que iríamos ganhar. Nunca me passou pela cabeça que podíamos falhar.
Foi um bocado aquela história que se conta do exército que conquistou a cidade e que ficou sem saber o que lhe fazer e devolveu-a ao rei
Havia consciência, nessa altura, do que significava realmente a Revolução?
Muito pouca. No livro que apresentamos aqui, ‘Operação Viragem Histórica’ e que tem a compilação de todos os relatórios de todas as operações dos militares de abril, inclusivamente relatórios que na altura nem tinham sido feitos, trato no pós-fácio, precisamente, o dia seguinte, a luta para que o Spínola não transformasse isto num simples golpe militar e que ficasse tudo na mesma, só as moscas é que mudavam. No dia 29, quando chego dos Açores, vou falar com o Otelo na Cova da Moura. E ele dizia-me: “Já fiz tudo o que tinha a fazer, vou voltar para professor da Academia Militar”. E eu disse-lhe: “Mas tu achas que o que fizeste agora foi alguma coisa? Foi uma brincadeira o que fizemos até agora! O mais difícil vem aí agora!”.
De facto, foi um bocado aquela história que se conta do exército que conquistou a cidade e que ficou sem saber o que lhe fazer e devolveu-a ao rei. Aqui foi um bocado isso. E assumo-me como principal responsável – a besta negra de Spínola – para evitar que ele transformasse isto num simples golpe militar.
Arrependeu-se de alguma coisa?
Não gosto do termo arrepender. Tenho impressão de que ao longo da vida nunca me arrependi de nada. Há muitas coisas que eu posso dizer que teria feito de outra maneira. Como faço sempre as coisas movido por ideais, e não por interesses, e o faço de forma honesta... Posso errar, não tenho dúvida nenhuma de que muitas vezes terei errado. Quando as pessoas erram de forma honesta, não têm de que se arrepender. Pronto, não souberam fazer melhor. Se fosse possível repetir a cena, naturalmente que já fariam de outra maneira. Arrepender arrepender, nunca me arrependi de nada.
Considera que os objetivos da Revolução foram todos cumpridos?
Em grande medida, sim.
O grande objetivo não era a Revollução. Era a liberdade acima de tudo, o pano de fundo era libertar a liberdade
O que é que faltou?
É preciso ver quais eram os objetivos do 25 de Abril. Primeiro, não era uma Revolução. Não era propriamente um objetivo a Revolução. O carácter revolucionário do 25 de Abril nasce quando a população adere e empurra os próprios militares para um processo revolucionário.
O grande objetivo era a liberdade acima de tudo, o pano de fundo era libertar a liberdade. Depois, democracia e resolução do problema colonial e depois criar condições para uma sociedade mais justa, mais igualitária, para promover uma menor separação entre as classes existentes, favorecer mais as classes menos protegidas, enfim, promover a igualdade entre os cidadãos portugueses. O 25 de Abril conseguiu isso tudo. A liberdade, a democracia, a resolução do problema colonial.
É evidente que aquilo que podia ser atingido no imediato, foi atingido, mas mesmo isso nunca está completo. A democracia não é um fim em si, é um meio. Um meio para atingir uma sociedade essencialmente mais justa e livre. Portanto, o 25 de Abril em si cumpriu aquilo a que se propôs.
Aceito levar o 25 de Abril até ao fim do período de transição que é quando termina o Conselho de Revolução em 82, aí a democracia está consolidada. O que vem a partir daí, já não é nada com o 25 de Abril, é com a sociedade portuguesa e com aquilo que os portugueses foram capazes de fazer. E infelizmente muitas coisas se têm feito mal. Não se pode continuar a querer assacar isso ao 25 de Abril. O 25 de Abril atingiu os seus objetivos principais e criou as condições para que os portugueses pudessem construir uma sociedade melhor. Infelizmente, não temos sido capazes de o fazer.
O 25 de Abril, além do mais, foi um caso único na história universal, um exemplo de um ato libertador, feito por um grupo de militares que pertencem às Forças Armadas que são o principal suporte da ditadura, derruba a ditadura, abre as portas à liberdade, e devolve o poder aos cidadãos.
Em todo o mundo, quando há golpes militares, os militares ficam com o poder, até que sejam obrigados a largá-lo. Aqui não, aqui de imediato devolveu-se o poder.
Cuidado, porque a história ensina-nos que há sempre alguém disposto a tirar-nos a liberdade e ficar com ela só para si
Volvidos mais de 40 anos, acha que se desvaloriza muito aquilo que representou o 25 de Abril e os ideais associados, como a liberdade?
Tenho perante isso este posicionamento. Ainda bem que não sentem bem o valor da liberdade, é porque ela não está em causa. Isto é, como na saúde, nós só pensamos que ela é extraordinariamente importante quando ela começa a faltar. Enquanto não falta, as pessoas não pensam nisso. Com a liberdade essencialmente é a mesma coisa. Mas, cuidado, porque a história ensina-nos que há sempre alguém disposto a tirar-nos a liberdade e ficar com ela só para si. Da mesma forma que há que continuar a tratar da saúde e há que preservá-la, a liberdade também é preciso tratar dela. E regar a tal flor da liberdade todos os dias.
Nós, os militares de Abril sentimo-nos muito honrados por termos tido a sorte de poder participar num ato extraordinário, a pior coisa que me via era a ser considerado como um herói. “Ai que todos nós lhe devemos muito”. Não, não. Respirem, vivam. É evidente que não admito que, ao longo destes anos se tentou criar, que por eu ter participado como participei me transformem num cidadão de segunda também, ou seja, sem direito a participar. Não, eu sou cidadão igual aos outros, e participo, defendendo aquilo em que acredito, com a autoridade moral do que já fiz até agora, como qualquer pessoa que intervém tem a sua autoridade moral do passado.
A pior coisa que me podia acontecer era tentarem meter-me num altarCada um de nós tem a autoridade moral que tem. Não admito que me tentem cercear os meus direitos, continuo a lutar por eles. Mas a pior coisa que me podia acontecer era tentarem meter-me num altar, não não. Quer dizer, tenho a noção, olho para o espelho todas as manhãs e não sinto vergonha do que vejo do lado de lá, sinto-me realizado, em grande medida, na vida.
Houve um poeta que disse que um homem para se realizar tem de fazer três coisas na vida. Escrever um livro, plantar uma árvore e fazer um filho. E eu costumo dizer, sinto-me ainda mais realizado porque além de tudo isso, também participei no 25 de Abril.
Continuo apaixonado pelo 25 de Abril, é evidente. Tenho duas paixões, a minha filha, o dia em que ela nasceu foi o dia em que ela nasceu foi o dia mais feliz da minha vida, e depois o 25 de Abril. Agora tenho outra paixão, além da minha mulher que me possibilitou isso tudo, que é o meu neto. E portanto, sou uma pessoa que vive as coisas apaixonadamente.
Se pudesse falar com o menino que nasceu no interior, em Lousa (Castelo Branco), o que lhe diria?
Talvez, sente os teus instintos e vive a vida. Porque acho que ao olhar para trás, e fazer uma retrospetiva do que fui, não me arrependo, podia ter escolhido ser outra coisa, podia ter tido outro tipo de ambições, ganhado outro tipo de polimento para pisar melhor as alcatifas, e chegar a outros lugares que não cheguei ao longo da vida, mas não me move isso, e portanto, se soubesse o que sei hoje, se fosse colocado para falar a esse menino, dizia-lhe "vive a tua vida, porque não te vais arrepender, se a viveres como ela vai surgir".
O meu pai, que era uma pessoa da classe média, um auto didacta, costumava contar que um dia, numa excursão no Minho, uma cigana lhe leu a sina. Disse-lhe que ainda ia ter um filho que ia ser gente importante no país. Depois do 25 de Abril dizia isso. Mas depois acrescentava outra coisa, que ele se penetenciava, quando eu estava no ventre da minha mãe, ouviu-me chorar, isso acontece poucas vezes. A lenda dizia que quem chora no ventre da mãe, é uma pessoa que vem a ser uma extraordinariamente importante no país. Mas a pessoa que ouve não pode quebrar esse feitiço, contando a alguém. E ele contou. E penetenciava-se por ter contado. E por isso, eu já não iria alcançar aquilo que me estava destinado [risos].
Mas sinto-me bem realizado, sinto que a vida também me tem pregado algumas partidas. Não perdoo aos fascistas a partida que me pregaram que foi tirarem-me daqui antes do 25 de Abril, impossibilitando-me de estar aqui a coordenar as operações. Costumo dizer que com o Otelo correu muito bem, comigo falta fazer a prova. Não se sabe como é que teria corrido comigo.
Depois a vida pregou-me duas partidas que foi eu não ter estado aqui quando faleceu Salgueiro Maia e quando faleceu o Melo Antunes. No caso do Salgueiro Maia, estava em Jerusalém, e com o Melo Antunes estava em Macau. Não pude acompanhá-los, os dois grandes amigos, na despedida. Mas pronto, a vida tem disso. Tenho tido uma vida preenchida, também não sou muito ambicioso em termos de ter algumas coisas materiais…