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Cooperação entre Portugal e Inglaterra remonta ao século XII

O historiador Vítor Pinto defende que a cooperação entre Portugal e Inglaterra remonta ao século XII, 239 anos antes do Tratado de Windsor, que oficializa "a aliança diplomática mais antiga do mundo ainda em vigor".

Cooperação entre Portugal e Inglaterra remonta ao século XII
Notícias ao Minuto

09:27 - 04/05/17 por Lusa

País Historiador

Vítor Pinto faz estas afirmações na obra 'Uma Viagem aos Bastidores do Casamento de D. Filipa de Lencastre e D. João I', que é apresentada no sábado às 18:00, na Livraria Bertrand do Alameda Shopping, no Porto, pelo doutorado em História Medieval Luís Miguel Duarte, da Universidade do Porto.

O casamento entre o rei D. João I e Filipa de Lencastre, neta do rei Eduardo III, de Inglaterra, celebrou-se no Porto, a 02 de fevereiro de 1387, há 630 anos.

D. João, filho extraconjungal de D. Pedro I e de Teresa Lourenço, tinha sido recentemente entronizado e derrotara as tropas castelhanas no campo de Aljubarrota, em 1385, garantindo a independência de Portugal.

O apoio inglês à causa de D. João, Mestre de Avis, na luta pela independência de Portugal, foi "crucial", mas a coroa inglesa tinha já prestado apoio ao rei D. Fernando de Portugal nas denominadas "Guerras Fernandinas", entre 1369 e 1380, entre Portugal e o vizinho reino de Castela, realça o historiador.

Portugal e Inglaterra celebram em maio de 1386 o Tratado de Windsor, renovando a aliança firmada entre os dois reinos em 1373.

Todavia, o investigador aponta o começo de uma "ligação" entre Portugal e Inglaterra em 1147, quando os cruzados ingleses ajudaram D. Afonso Henriques na conquista de Santarém e Lisboa.

Vítor Pinto afirma que o casamento é a face visível ao povo e ao mundo de então da aliança entre Portugal e Inglaterra, mas os dois países cooperavam desde 1147 quando criaram "uma espécie de 'ligação especial'" e que "ao longo dos séculos seguintes se tornaria em algo mais sério do que uma simples ligação".

O historiador realça que esta união entre D. João I e D. Filipa de Lencastre "daria ao reino uma geração de príncipes ilustres, imortalizados como Ínclita Geração", entre eles, D. Henrique, que nasceu também no Porto, sete anos após o enlace nupcial, e que liderou o projeto das navegações ultramarinas.

Filipa de Lencastre foi rainha de Portugal entre 1387 e 1415, quando morreu vítima de peste, tendo sido aclamada no dia 14 de fevereiro de 1387, no Porto.

"As gentes desceram à rua para aclamar a nova rainha de Portugal. O rei em panos de ouro, montando um magnífico cavalo branco. Acompanhava a sua esposa. Estava oficialmente decretado: a festa começara", descreve o historiador.

Nesta obra, o autor propõe-se colmatar o que considera "algumas falhas na historiografia portuguesa" no tocante a esta temática diplomática, tendo voltado "a reler e a interpretar as fontes disponíveis, nomeadamente as crónicas", realçando que estas eram tais narrativas históricas "eram elaboradas por gente que normalmente escrevia bem", referindo que esta "beleza narrativa" é encantatória e engana o historiador.

Vítor Pinto chama ainda atenção para o facto de que as crónicas eram habitualmente encomendas régias e cabe aos historiadores da atualidade "encarar as crónicas como fonte histórica com as devidas cautelas".

A obra, que é apresentada no sábado no Porto, divide-se em 12 capítulos e inclui uma cronologia detalhada dos "laços de amizade e assistência mútua entre Portugal e a Inglaterra" entre 1147 e 1387, as genealogias das casas reais de Portugal e da de Leão e Castela, e ainda da casa ducal de Lencastre.

Para o historiador, este ensaio serve para "homenagear e divulgar este importantíssimo marco na história de Portugal e também na de Inglaterra", que foi o casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre, e "seria deveras injusto não recordar esta efeméride".

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