Língua portuguesa reduzida a pequenos núcleos na Guiné Equatorial
O cônsul português na Guiné Equatorial disse hoje que a língua portuguesa se reduz a pequenos "núcleos" naquele país, como ministros, diplomatas e alunos bolseiros em Portugal, e considerou "muito difícil 1,2 milhões de pessoas aprenderem a falar português".
© Lusa
País Cônsul
"Há muito interesse da população em falar português, eles gostam e querem aprender, mas o que há agora são estes núcleos", explicou Manuel Azevedo em entrevista à Lusa.
Por enquanto, apenas "gente ligada ao ministério, principalmente dos Negócios Estrangeiros", "diplomatas, alguns empresários, poucos", e "principalmente alunos com bolsas em Portugal que, obviamente, têm de aprender para poderem falar português", explicou o cônsul português da Guiné Equatorial.
Em declarações à Lusa, a propósito da presença da língua portuguesa na Guiné Equatorial desde que se tornou membro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em 2014, Manuel Azevedo reconheceu que "não houve evolução do ensino do português na Guiné Equatorial".
Segundo o cônsul , um professor vinculado ao Instituto Camões que ensinava português na Guiné Equatorial já não está lá. Outro professor, patrocinado por entidades brasileiras, que dava aulas de português num instituto cultural, também já não exerce, nem as aulas gratuitas dadas durante "um ou dois anos" pela embaixada do Brasil aos equato-guineenses estão a funcionar.
Há uma instituição privada que tem um acordo com uma fundação portuguesa e, com "5 ou 6 professores" ensina o português, entre outras línguas, "mas isso acontece fora do contexto oficial", continuou.
"Três professores são pouco e, mesmo que vão, já estão atrasados", admitiu o cônsul, ao ser abordada a possibilidade de se enviar três professores de português para a Guiné Equatorial, questão também comentada pelo deputado Páscoa Gonçalves enquanto presidente da 3.ª Comissão da Assembleia Parlamentar da CPLP, numa viagem que fez à Guiné Equatorial nesta semana.
Existem "muitas escolas, universidades e instituições oficiais que querem falar português" e "eu tenho muita gente que me pede vistos para vir a Portugal", que quer aprender a língua, "e muita gente que quer que os filhos vão estudar para Portugal", adiantou.
No entanto, "falta fazer mais qualquer coisa para o ensino do português na Guiné Equatorial", concluiu o cônsul Manuel Azevedo.
Esse interesse dos equato-guineenses na língua portuguesa não tem tido retorno concreto por parte das autoridades, admitiu Manuel Azevedo, que lamentou a falta de plataformas de ensino.
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