Viticultores do Douro protestam pelo aumento do preço dos vinhos
Os viticultores do Douro realizam a 31 de julho, no Peso da Régua, um dia de protesto pelo aumento do preço dos vinhos, o saneamento financeiro da Casa do Douro (CD) e contra as novas medidas fiscais.
© Lusa
País Régua
"A Região Demarcada do Douro continua mergulhada numa profunda crise", afirmou hoje, em conferência de imprensa a dirigente da Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (AVIDouro), Berta Santos.
Por isso mesmo, os viticultores agendaram uma ação de luta que decorrerá durante todo o dia de 31 julho, com concentração e vigília junto à sede do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), na Régua.
Berta Santos salientou que os pequenos e médios produtores durienses perderam 60% dos seus rendimentos nos últimos anos.
A AVIDouro reivindica o aumento do preço dos vinhos pagos aos viticultores para os 1.100 euros por pipa de vinho do Porto e 300 euros para a pipa de vinho de mesa. No ano passado, de acordo com a responsável, verificou-se um decréscimo entre os 35 e os 50 euros por pipa de vinho generoso.
A responsável considerou que os problemas dos produtores se estão a agravar também com as novas obrigações fiscais.
Todos os agricultores com atividade comercial são obrigados a declarar nas Finanças o início da atividade e a passar fatura por qualquer transação.
"Estas regras vão fazer com que desapareçam milhares de pequenos e médios viticultores", salientou.
Por isso mesmo, a AVIDouro exige a "suspensão ou anulação" destas novas regras.
Os viticultores reclamam ainda a destilação dos vinhos excedentes da região para a produção de aguardente necessária para o vinho do Porto e um "controlo eficaz" perante a possibilidade de se poder utilizar aguardente de origem vitícola, não vínica.
Aos problemas dos viticultores acresce ainda a Flavescência Dourada, uma doença de quarentena que tem como agente causal um parasita e é transmitida por um inseto vetor, que se alimenta da seiva da videira e propaga o fitoplasma assassino.
Em Portugal, a doença foi detetada pela primeira vez em 2006, no Minho. No Douro, foram detetados dois casos, um em São João da Pesqueira e outro em Vila Real.
Os agricultores durienses queixam-se de falta de informação sobre este assunto, que consideram ser preocupante, e pediram mais "apoio técnico e financeiro".
O produtor António Pereira alertou para o facto de que o rendimento da vinha não chega para comprar os produtos necessários para os tratamentos. "Hoje em dia já há muita gente no Douro que está a abandonar as suas vinhas", salientou.
Quanto à CD, uma associação privada de direito público e de inscrição obrigatória, que há anos se debate com uma asfixia financeira, com uma dívida que ultrapassa os 100 milhões de euros, e salários em atraso, a AVIDouro reivindica um "saneamento justo" da instituição.
Recentemente o secretário de Estado da Agricultura afirmou que a solução para a CD poderá passar por dois eixos: "resolvendo a questão da dívida, com o recurso a venda de vinhos e, se necessário, mas apenas em último caso, da venda de património, e, num segundo eixo, criando condições à instituição para deixar de ser uma associação com inscrição obrigatória e para se tornar uma associação mais dinâmica".
Num momento em que muitos viticultores já não pagam as suas quotas devido à quebra de rendimentos, uma situação que poderá piorar na opinião de Berta Santos com as alterações anunciadas pelo Governo.
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