Estudo revela que idosos de Bragança e Vinhais vivem satisfeitos
A maioria dos idosos dos concelhos de Bragança e Vinhais vivem satisfeitos, segundo um estudo académico divulgado hoje no Encontro de Jovens Investigadores do Instituto Politécnico Bragança e que contraria a ideia generalizada de pobreza e abandono.
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País Politécnicos
O estudo foi desenvolvido no âmbito de teses de mestrado por alunos e professores da Escola Superior de Saúde e compara a satisfação expressa por idosos dos concelhos transmontanos e de concelhos de Coimbra, onde surgiu a ideia.
Em Trás-os-Montes o trabalho foi realizado pela Escola Superior de Saúde e concluiu, segundo disse à Lusa o coordenador e investigador Fernando Pereira, que a maioria dos idosos de Bragança e Vinhais vivem satisfeitos e mais satisfeitos que os de Coimbra.
O trabalho focou-se nos recursos económicos e sociais, saúde mental e física e o nível de autonomia.
Em Bragança, "55%" dos idosos declara não ter nenhum tipo de debilidade e em Vinhais, a percentagem sobre para "75%".
"A situação dos nossos idosos em comparação direta com os idosos de Coimbra, tinham níveis de satisfação mais elevados, ou seja a situação dos idosos era mais satisfatória do que no estudo de Coimbra", indicou o responsável.
O investigador Fernando Pereira entende que estes resultados devem-se "a uma razão de natureza cultural: apesar de tudo, uma boa parte dos idosos (de Bragança e Vinhais) ainda continua a ter um enquadramento familiar, suporte social aceitável, que funciona", baseado em alguma família, e rede de amigos e vizinhança.
Outra razão apontada é a "boa taxa de cobertura" das instituições sociais" que "na sua maioria estão bastante bem equipadas e têm profissionais bem treinados e que trabalham bastante bem".
E neste aspeto defende "o papel da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Bragança, nomeadamente através do mestrado e do curso de gerontologia, que foi convidado para partilhar a experiência e conhecimento com uma universidade da Escócia.
Fernando Pereira encontra ainda outro fator para a satisfação dos idosos transmontanos e que se prende com o nível de resiliência.
"Os nosso idosos tiveram vidas duras na sua grande maioria, habituados a pouco conforto, e portanto não são muito exigentes em termos das comodidades e dos serviços que lhe estão disponíveis.
Esta será também a explicação para, apesar das parcas pensões de velhice que recebem, "80%" dos idosos ouvidos em Bragança dizem que os recursos económicos são satisfatórios e em Vinhais a mesma resposta surge da quase totalidade, ou seja "98%".
"Em geral, a maioria, mais de metade dos idosos não tem fragilidades, as dificuldades surgem na outra faixa de 30 ou 40% dos idosos", observou.
E neste universo a maior dificuldade apresentada foi "ao nível da saúde mental, com uma percentagem muito elevada de idosos com alterações da saúde mental", um problema classificado como "bastante grave e também menosprezado" ao nível das políticas públicas.
A solidão, a depressão ou as demências surgem entre os problemas desta área.
O estudo foi realizado em 2015 e 2017 e ambiciona fazer o retrato dos idosos nos doze concelhos da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste.
Quase a terminar, mas ainda sem conclusões trabalhadas estão os concelhos de Alfândega da Fé e Carrazeda de Ansiães.
O problema, segundo o coordenador, é a falta de recursos e concretamente financiamento para realizar este trabalho. Já foi feita uma candidatura a fundos para a investigação, mas as maiores universidades portuguesas, queixa-se Fernando Pereira, absorvem todas as verbas.
O trabalho está a ser feito através da escola, professores e alunos e fez parte do painel de 156 de mais de 300 autores apresentados hoje no quinto Encontro de Jovens Investigadores do Instituto Politécnico de Bragança (IPB).
O propósito deste encontro é, como disse à Lusa Anabela Martins do IPB, divulgar o que se faz em termos de ciência, treinar os alunos para apresentações públicas dos seus trabalhos e captar alunos para os trabalhos de investigação e mestrados.
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