Uso de fogo controlado deve ser equacionado nas áreas protegidas
A utilização do fogo controlado e de outras técnicas para redução de combustível deve ser equacionada nas áreas protegidas podendo contribuir para a conservação da natureza, segundo um estudo hoje divulgado pela organização ambientalista WWF em Portugal.
© Global Imagens
País WWF
O uso do fogo controlado "pode ser uma técnica de redução de combustível muito eficaz, diminuindo efetivamente a severidade e extensão dos incêndios", realça o relatório "Incêndios Rurais em Portugal: até quando deixaremos a paisagem arder?", resultado de uma parceria entre a WWF Mediterrâneo em Portugal e o Centro de Ecologia Aplicada prof. Baeta Neves do Instituto Superior de Agronomia (ISA).
Esta técnica de uso intencional do fogo para redução da biomassa combustível sob condições atmosféricas e humidade da vegetação adequadas, como outras para o mesmo fim, "deve ser equacionada em áreas protegidas", é referido no trabalho.
As razões apresentadas para justificar esta alternativa é que, além de reduzir a vegetação combustível "prevenindo incêndios severos, com fortes efeitos negativos na biodiversidade", o fogo controlado "pode contribuir para objetivos de conservação" ao promover a heterogeneidade dos 'habitats'.
Os autores do relatório apontam que "monitorizar, ao invés de extinguir incêndios que evoluam sob condições que satisfaçam objetivos de gestão e não ameacem pessoas e bens, é também uma opção".
Recordam que as redes de áreas protegidas - a rede Natura 2000, os parques e as reservas - também têm sido periodicamente afetadas pelos incêndios rurais.
Nas últimas décadas, segundo o estudo, quer os Sítios de Importância Comunitária (SIC) quer as Zonas de Proteção Especial (ZPE) "têm sido afetadas por incêndios com dezenas de milhares de hectares de áreas ardidas".
No entanto, acrescenta, o fogo faz parte da história evolutiva dos ecossistemas mediterrânicos, sendo várias as espécies de vegetação que lhe estão adaptadas.
"É necessário trabalho para que os objetivos de conservação possam continuar a ser cumpridos e se mitiguem os efeitos negativos dos grandes incêndios na biodiversidade", refere o estudo.
Os últimos dados do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), apontam para 39.388 hectares de espaços florestais (5,5%) destruídos pelo fogo na Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP).
O Parque Natural da Serra da Estrela apresenta a maior extensão de área ardida até à data (19.337 hectares, cerca de 21,7% da área total do parque).
A área protegida mais afetada face à sua extensão foi o Monumento Natural das Portas de Ródão, com quase 72% da área total destruída.
O dispositivo de combate a incêndios foi prolongado até ao dia 15 de novembro, na sequência das previsões meteorológicas adversas e da manutenção do risco elevado de incêndios florestais.
Foi igualmente prolongado até 15 de novembro o período de funcionamento dos 72 postos de vigia da GNR.
Os incêndios em Portugal provocaram este ano mais de 100 mortos e mais de 300 feridos, para uma área ardida de 442.418 hectares, metade dos quais no mês de outubro (223.901 hectares).
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