Trabalhadores da mina de Neves-Corvo convocam 3.ª greve deste ano
Trabalhadores da concessionária da mina de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde, distrito de Beja, vão fazer mais uma greve este mês, a terceira do ano e cujo pré-aviso deixou o presidente da empresa "dececionado".
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País Castro Verde
A greve vai decorrer entre os dias 22 e 30 deste mês em três períodos de 24 horas intercalados e abranger os trabalhadores da empresa concessionária da mina, a Somincor, disse hoje à agência Lusa o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM) Jacinto Anacleto.
O primeiro período da greve vai decorrer entre as 06:00 de dia 22 e as 06:00 de dia 23, o segundo entre as 06:00 de dia 27 e as 06:00 de dia 28 e o terceiro entre as 06:00 de dia 29 e as 06:00 de dia 30, precisou.
Segundo o sindicalista, a greve vai servir para os trabalhadores continuarem a reivindicar o fim do regime de laboração contínua no fundo da mina, a "humanização" dos horários de trabalho, a antecipação da idade da reforma para os funcionários das lavarias, a progressão nas carreiras, a revogação das alterações unilaterais na política de prémios e o "fim da pressão e da repressão sobre os trabalhadores".
Trata-se da terceira greve dos trabalhadores da Somincor este ano, sendo que a primeira decorreu entre os dias 03 e 07 de outubro e a segunda entre os dias 06 e 11 de novembro.
Os trabalhadores da Somincor decidiram avançar para a terceira greve porque as propostas apresentadas pela administração da empresa ao STIM após a segunda e anterior greve "não abrangem a totalidade dos trabalhadores em luta e são claramente insuficientes para satisfazer as suas justas e legítimas reivindicações", explicou Jacinto Anacleto.
A administração "continua a impor em vez de negociar e a fazer de conta que não entende a natureza do conflito, que ela própria criou, e as medidas que tem de tomar para o resolver", disse, referindo que os trabalhadores "vão continuar em luta até que o conflito seja resolvido", ou seja, "quando todas as suas reivindicações tiverem resposta positiva".
Segundo o sindicalista, a Somincor "tem todas as condições para evitar" a próxima greve, "basta respeitar os trabalhadores e as suas reivindicações e propostas e agir, de facto, para que se alcance uma solução negociada".
Já a Somincor, num comunicado enviado à Lusa, refere que a administração da empresa "tem estado envolvida num processo contínuo de conversações com o STIM" e as duas últimas reuniões ocorreram nos dias 17 e 22 de novembro.
No comunicado, o presidente do conselho de administração da Somincor, Michael Welch, citado pela empresa, afirma ter ficado "surpreendido e dececionado" com o pré-aviso de nova greve por parte do STIM "na sequência das recentes e profícuas conversações".
Segundo Michael Welch, o pré-aviso de nova greve "não reflete com precisão o resultado das reuniões entre a Somincor e o STIM, durante as quais foi alcançado um acordo sobre uma ´posição de princípio` relativamente a um horário para os colaboradores do fundo da mina".
No seguimento das reuniões dos dias 17 e 22 de novembro "e na presença do STIM", a administração da Somincor apresentou "propostas relativas à idade de reforma dos trabalhadores não abrangidos pelo sistema de reforma aplicável aos do fundo da mina" e que "acredita" constituírem "um valor considerável para aqueles colaboradores", refere Michael Welch.
O presidente da Somincor refere que a empresa "ouve e responde sempre às necessidades" dos seus colaboradores e o seu objetivo é "continuar a proporcionar salários e benefícios que estão entre os melhores do país".
No entanto, a empresa também precisa de se "concentrar em garantir a competitividade a longo prazo" da sua operação e a sua posição como empregador e contribuinte para a economia regional e nacional e "não acredita" que a nova greve "vá ao encontro do interesse" dos seus colaboradores, frisa Michael Welch.
Num plenário, em setembro, os trabalhadores da Somincor tinham decidido fazer uma primeira greve, que decorreu em outubro, e, caso as repostas da administração da Somincor às suas reivindicações continuassem "a não ser favoráveis", mais outras duas, uma em novembro e outra em dezembro, lembrou Jacinto Anacleto.
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