Caso da segunda família do 'Supernanny' remetido para Ministério Público
A situação das duas crianças que apareceram no segundo programa 'Supernanny' foi remetida para o Ministério Público, depois de os pais recusarem acompanhamento da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Sintra, disse à Lusa fonte oficial. Entretanto, a PGR interpôs uma ação especial de tutela da personalidade em tribunal para que o programa do próximo domingo não seja exibido.
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País Crianças
Em resposta à agência Lusa, a presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens explicou hoje que os pais das crianças do segundo programa foram chamados à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Sintra (CPCJ), mas, como não deram consentimento para atuação, o processo seguiu para o Ministério Público.
Na terça-feira, Rosário Farmhouse disse, em declarações à Lusa, que todas as famílias que participam no programa 'Supernanny' serão convocadas pelas comissões de proteção de crianças da sua área.
O objetivo, explicou, é avaliar as situações em causa e sensibilizar para a exposição pública a que estão a sujeitar os seus filhos.
Os pais, adiantou, são obrigados a reunir com a comissão após receção de convocatória, mas qualquer iniciativa por parte da comissão para avaliação do caso ou eventual aplicação de uma medida de proteção só é possível com o consentimento dos pais das crianças.
Se os pais não concordarem o caso será imediatamente remetido para o Ministério Público.
Entretanto, a PGR fez saber através de um comunicado enviado às redações, que o Ministério Público interpôs uma ação especial de tutela da personalidade em tribunal para que o programa do próximo domingo não seja exibido. "Trata-se de uma decisão provisória e urgente", justifica a Procuradoria-Geral da República.
Presente num total de 15 países, o programa retrata casos de crianças indisciplinadas, para as quais uma ama - no formato português é a psicóloga Teresa Paula Marques - propõe soluções para pais e educadores.
O primeiro programa 'Supernanny' foi emitido pela SIC no dia 14 de janeiro. No dia seguinte, a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens tomou uma posição contra o programa por considerar existir um "elevado risco" de este "violar os direitos das crianças, designadamente o direito à sua imagem, à reserva da sua vida privada e à sua intimidade".
A criança que aparece no primeiro episódio do programa tem já uma medida de proteção acionada com o consentimento dos pais.
As medidas de promoção e proteção estão previstas na Lei de Promoção e Proteção de Crianças e Jovens em Perigo e são de aplicação exclusiva pela Comissão de Proteção ou pelo Tribunal.
Estas repartem-se em dois tipos: as medidas em meio natural de vida - apoio junto dos pais, apoio junto de outro familiar, confiança a pessoa idónea, apoio para autonomia de vida, e, as medidas de colocação - acolhimento familiar e acolhimento em instituição.
O programa 'Supernanny' ficou envolto em polémica logo após a transmissão do primeiro episódio.
Entretanto, o Ministério Público anunciou que abriu um inquérito para investigar factos suscetíveis de integrarem o crime de desobediência, relativos ao programa 'Supernanny' emitido a 14 de janeiro.
Na sequência da exibição do primeiro episódio do programa "Supernanny", a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Loures enviou a 17 de janeiro um oficio à estação de televisão SIC, a solicitar que em 48 horas bloqueasse o acesso a qualquer conteúdo do referido programa, bem como quaisquer outras retransmissões do mesmo.
Caso não fosse cumprida a exigência, a comissão referia que os factos seriam participados ao Ministério Público para averiguação da eventual prática do crime de desobediência.
A divulgação de imagens de crianças em perigo pode implicar uma pena de prisão até um ano ou 120 dias de multa, segundo a Lei de Proteção de Crianças invocada no caso do programa "Supernanny" de 14 de janeiro.
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