Nuno Sequeira, membro da Quercus que integrou as reuniões da comissão parlamentar esta segunda-feira em Retorillo, em Salamanca, onde começaram os trabalhos para a instalação de uma mina de urânio a céu aberto, considera que, tal como no caso de Almaraz, “Portugal foi ignorado” e que não “há sombra de dúvida” sobre os impactos nefastos deste projeto para o território nacional.
Em declarações ao Notícias ao Minuto, Nuno Sequeira disse que as reuniões com os autarcas do país vizinho, e a sessão aberta ao público que se seguiu, foram um passo importante, uma vez que os deputados tiveram contacto com a realidade e podem agora levar à Assembleia da República as suas preocupações e impressões relativamente a um projeto que "é muito preocupante”.
Os seus impactos, frisou o responsável da Quercus, seriam “grandes e graves”, quer ao nível do ar, através de poeiras radioactivas, quer ao nível dos solos, através das zonas que drenam para o rio Douro, dada a proximidade com o nosso país - cerca de 40 km em linha reta.
“Em última instância, terá de ser o Governo a tomar medidas para que este projeto possa ser travado”, disse Nuno Sequeira, esperando que essas negociações políticas possam ser feitas de forma célere e incisiva. O responsável apontou o dedo a Espanha, que ainda não procedeu a uma avaliação dos impactos transfronteiriços, o que, para Nuno Sequeira, é "lamentável" e corresponde a uma "flagrante omissão e desrespeito pela lei comunitária".
“Mais uma vez, Portugal foi ignorado, não sabemos se de forma propositada ou não. O Governo espanhol tem de se começar a habituar ao facto de Portugal ter uma palavra a dizer sobre projetos com impactos transfronteiriços”, notou, avisando que os cidadãos portugueses “não vão continuar a admitir que mais processos deste tipo ocorram”. “O que nós esperávamos era que o processo de Almaraz trouxesse alguma moralidade ao governo espanhol”, fez sobressair por fim.
Nuno Sequeira adiantou ainda que no próximo sábado realizar-se-á uma manifestação em Salamanca, onde estará uma delegação da Quercus, “para mostrar ao Governo espanhol que há oposição a este projeto nefasto, um projeto que não é sustentável nem do ponto de vista ambiental nem do ponto de vista económico”.