Investimento no SNS permitiu retorno económico de 5 mil milhões de euros

O investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) permitiu um retorno económico de 5 mil milhões de euros no ano passado, segundo um estudo que é hoje apresentado em Lisboa.

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Lusa
06/03/2018 06:05 ‧ 06/03/2018 por Lusa

Economia

Estudo

Desenvolvido pela NOVA Information Management School (NOVA-IMS), da Universidade Nova de Lisboa, o Índice de Saúde Sustentável 2017 refere que "o impacto do SNS no absentismo laboral e na produtividade permitiu uma poupança de 3,3 mil milhões de euros, o que se traduziu num retorno económico de 5 mil milhões de euros, prova do valor do investimento em Saúde para a Economia".

O trabalho da Nova IMS relativamente ao índice de sustentabilidade na saúde tem vindo a ser feito desde 2014 e todos os anos complementa o anterior com indicadores novos. Este ano, mediu pela primeira vez (em euros) o impacto do SNS na produtividade dos portugueses, tanto sob o ponto de vista dos salários como do absentismo.

"Em termos de absentismo, concluímos que o SNS terá contribuído para uma redução do absentismo em média de 1,9 dias por indivíduo e que terá tido um impacto na produtividade que será o equivalente a 7,3 dias de trabalho não perdidos", explicou à Lusa Pedro Simões Coelho, coordenador principal do estudo.

Segundo disse, "combinando estas duas componentes, traduzindo em valor económico por via dos salários teríamos um impacto do SNS pela redução do absentismo de cerca de 700 milhões de euros e um impacto pelo aumento da produtividade de 2,6 milhões de euros. No total destas duas componentes de transmissão dos efeitos do SNS à economia, teríamos um impacto por via dos salários de 3,3 milhões de euros".

O responsável acrescentou que o trabalho, este ano, foi um pouco mais longe, conseguindo estimar que "estes dias recuperados pelo SNS terão um valor económico para a economia que se aproximará dos 5 mil milhões de euros"

"Isto mostra que no ano em que se investe na saúde existe um retorno para a economia que será de 50% do investimento realizado", sublinhou.

De acordo com o estudo, em média, os portugueses faltaram quase seis dias (5,9) ao trabalho em 2017, cerca de 2,6% do tempo total trabalhado, o que resultou num prejuízo de 2,1 mil milhões de euros.

No entanto, a prestação de cuidados de saúde através do SNS permitiu evitar a ausência laboral de quase dois dias (1,9), o que significa uma poupança de 677 milhões de euros, ou seja, caso não tivessem sido prestados estes cuidados de saúde o número médio de faltas ao trabalho ascenderia aos 7,8 dias.

Pela primeira vez, este trabalho estimou também o impacto na produtividade, avaliando a redução na produtividade tendo em consideração situações de doença que poderão ter influenciado o desempenho de uma pessoa num dia normal de trabalho.

Quanto ao índice de sustentabilidade do SNS, que tem em conta critérios como a qualidade (percecionada e técnica), a eficácia e o preço, tal como tinha acontecido no ano anterior, este valor subiu novamente, passando de 102.2 em 2016 para 103.0 no ano passado.

"É um pouco mais modesta do que a observada no ano anterior, mas reforça a subida", disse o coordenador do Projeto de Saúde Sustentável.

"Observámos uma variação positiva assente em duas componentes: a qualidade técnica do sistema (...), que evoluiu muito significativamente, e o deficit, que entre 2016 e 2017 desceu significativamente, na medida em que em 2016 rondava os 300 milhões de euros e em 2017 é de 230 milhões", acrescentou.

Segundo o estudo, em 2017 as despesas no SNS (9.77 mil milhões de euros) cresceram menos (2,8%) do que o financiamento (9.54 mil milhões), que aumentou 3,2%.

A acompanhar esta tendência está também o índice global do estado de saúde dos portugueses, que dos 73,1 pontos registados em 2016 subiu para 75,6 pontos -- numa escala de 0 a 100, em que 100 corresponde ao estado de saúde ideal.

"Se a este nível fosse retirado o contributo do SNS, o valor ficaria pelos 60,0 pontos, o que comprova que o SNS contribui fortemente para a perceção do estado de saúde dos portugueses", consideram os autores.

 

 

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