BE quer seguir "rasto do dinheiro" do esquema das rendas energéticas
O BE justificou hoje a amplitude do objeto da comissão de inquérito sobre as rendas excessivas na eletricidade com a necessidade de seguir o "rasto do dinheiro" com um "escrutínio completo" de um "esquema poderoso, milionário e complexo".
© Global Imagens
Política Jorge Costa
"A quem se interroga sobre a amplitude do objeto desta comissão de inquérito sobre as rendas no setor elétrico, respondemos com uma máxima célebre atribuída à fonte do caso Watergate: 'follow the money'. Sigam o rasto do dinheiro. Quem ganhou com as decisões tomadas? Quando e quem as tomou? Em que se baseou? Como decidiu? E porque decidiu dar tantos milhões a ganhar?", disse o deputado do BE Jorge Costa hoje, no plenário, durante as declarações políticas.
Na opinião do deputado bloquista, "o país precisa de um escrutínio completo de todas as rendas abusivas que se foram instalando na conta da luz", não valendo a pena "esconder o sol só com uma peneira, neste caso, com apenas um ministro", referindo-se implicitamente a Manuel Pinho.
"Com ou sem corrupção, um esquema tão poderoso, tão milionário, tão complexo só pôde instalar-se e manter-se por ter leis feitas à medida, em processos de decisão marcados pela promiscuidade entre governos e entre negócios. É esse esquema que a comissão de inquérito agora proposta pelo BE sobre as rendas da energia deve conseguir desmascarar", defendeu.
No pedido de esclarecimento, o deputado do PCP João Oliveira considerou que estas questões trazidas ao debate hoje pelo BE são "elemento de preocupação porque são situações que corroem o regime democráticos", mas questionou os bloquistas sobre se é apenas no setor energético se entendiam que existe este problema.
"Está ou não o Bloco de Esquerda disponível para alargar o objeto da comissão de inquérito não apenas às rendas da energia, mas também em relação a outros setores, privatizações e PPP onde estes problemas da corrupção e do tráfico de influências. Se também aí a Assembleia da República não deverá levar por diante um inquérito parlamentar", questionou.
Na resposta, Jorge Costa sublinhou a concordância entre BE e PCP sobre "a promiscuidade entre a política e os negócios", mas rejeitou alargar o objeto da comissão de inquérito ao âmbito proposto pelos comunistas uma vez hoje há "um clamor social sobre o escrutínio do que tem sido a política energética em Portugal".
Pelo PS, o deputado Carlos Pereira assegurou que o grupo parlamentar do PS "fará tudo para garantir toda a transparência e fiscalização nesta matéria".
Carlos Pereira afirmou que o atual Governo travou desde o início "uma batalha dura para que pudessem existir reduções nos custos" da energia e que não vira a "cara a essa matéria".
O deputado socialista socorreu-se de uma entrevista do ex-ministro do PSD Jorge Moreira da Silva, em 2014, ao Expresso, na qual o antigo governante dizia que não havia rendas excessivas na energia, o que considera retirar legitimidade à bancada social-democrata sobre esta matéria.
Já o deputado do PSD Emídio Guerreiro fez questão de criticar algumas omissões de datas por parte de Jorge Costa, avisando que esta comissão de inquérito "não pode servir para fazer de conta que se quer saber tudo, à volta de uma determinada pessoa e esquecer toda a rede e toda a teia que está em volta".
"Esperamos que toda esta ação do BE, um bocado a reboque dos acontecimentos mediáticos e da iniciativa do PSD, não seja apenas e só para ajudar a confundir e a disfarçar", disse.
Pelo CDS-PP, o parlamentar Hélder Amaral utilizou a expressão 'follow the Money' para perguntar ao BE sobre a "reavaliação de ativos Galp, EDP e REN" e o voto a favor dos bloquistas à "maior borla fiscal a estas empresas".
"'Follow the Money': tem mesmo a certeza que os consumidores não vão pagar os contadores digitais? No discurso e nas propostas dizem uma coisa, rasgam as vestes atacando o único governo que até agora tem instrumentos legislativos de redução de rendas excessivas, é o Governo anterior", criticou.
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