PS está a afirmar "um caminho que Soares sempre recusou"
O vice-presidente do PSD Morais Sarmento defendeu hoje que os socialistas estão a afirmar "um caminho que Mário Soares sempre recusou", de "viragem à esquerda", e que seria melhor um PS "sem dependências, coligações ou prisões".
© Lusa
Política Morais Sarmento
Nuno Morais Sarmento assumiu esta posição em declarações aos jornalistas, no final do 22.º Congresso do PS, na Batalha, distrito de Leiria.
"Era melhor que o PS, que prestou homenagem ao seu fundador Mário Soares, mas que neste Congresso afirma um caminho que Mário Soares sempre recusou, era mais importante, porventura, que reafirmasse o seu próprio caminho, como nos habituámos a ver: sem dependências, coligações ou prisões a quaisquer outros partidos", declarou.
O dirigente social-democrata acrescentou: "Pelo menos, é assim que sempre nos recordámos do PS, é assim que continuamos a fazer o nosso caminho e que esperamos que o PS também seja capaz de fazer".
Morais Sarmento considerou que no Congresso da Batalha o PS se dedicou mais a "discutir o futuro do PS do que o futuro de Portugal" e lamentou "a reafirmação de uma viragem à esquerda como sendo uma opção que se deseja repetir por muitos e bons anos".
No seu entender, essa opção "é, infelizmente, para os portugueses, a garantia de que continuarão a ter um Governo que não é mais do que a soma dos equilíbrios que em cada momento é possível conseguir entre três partidos".
O vice-presidente do PSD sustentou que a atual solução governativa com apoio parlamentar dos partidos à esquerda do PS torna "impossível contar que por parte deste Governo seja apresentada uma estratégia coerente, sólida e de médio e longo prazo, porque ela tem de ser negociada a cada momento e a cada tema com cada um dos dois partidos que, sem as mesmas ideias".
Sobre o discurso de encerramento do Congresso da Batalha, o antigo ministro da Presidência acusou o secretário-geral do PS de ter falado de "outro país", fora da realidade, e disse que, "mais do que a máscara do discurso fácil, era importante uma mensagem real".
Morais Sarmento contestou, em particular, a promessa de António Costa de tornar uma prioridade orçamental apoiar o regresso de emigrantes ao país, alegando que os jovens "continuam a sair em igual número do país todos os anos" com a atual governação, "cem mil todos os anos".
"Era para esses que era importante uma palavra de António Costa e para aqueles que seguramente temem que em 2018 se repita a mesma situação", reforçou.
Também em matéria económica, Morais Sarmento acusou o primeiro-ministro ignorar "os números frios da realidade" e de dar a entender que "a economia e a riqueza chegarão a todos os portugueses".
Segundo o dirigente do PSD, "a economia já está a abrandar", numa "curva progressiva de arrefecimento", Portugal regista "um dos crescimentos mais fracos da Europa" e António Costa devia ter a "honestidade política perante os portugueses de o reconhecer".
Nuno Morais Sarmento estava acompanhado pelo líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, e pela vice-presidente da bancada social-democrata Margarida Mano.
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