Catarina Martins recusa medir atuação do Bloco por perceções de Bruxelas
A coordenadora bloquista, Catarina Martins, respondeu hoje ao Presidente da República defendendo que atuação do Bloco de Esquerda (BE) se mede pelos resultados a servir os trabalhadores e não pela perceção dada à União Europeia.
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Política Resposta
"Em cada matéria em que nós puxamos pelas condições de vida de quem trabalha neste país a União Europeia reagiu negativamente, mas a economia reagiu positivamente e as pessoas reagiram positivamente. O que mede a atuação do BE é a convicção que nós temos de servir quem aqui vive, quem aqui trabalha, quem constrói o país todos os dias", defendeu Catarina Martins.
A coordenadora do BE falava aos jornalistas durante uma visita à Feira do Livro de Lisboa, depois de questionada sobre as declarações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no sábado, que considerou que haverá "bom senso" entre os partidos na Assembleia da República para não criar uma crise política, numa altura em que a União Europeia vive um momento difícil.
O Chefe de Estado defendeu também hoje que o país prefere a "paciência dos acordos, mesmo se difíceis", à "volúpia das roturas, mesmo se tentadoras".
Confrontada com esta afirmação, Catarina Martins recordou que, "em 2015, quando foram feitos os acordos para parar o empobrecimento do país, muitos viram nesses acordos uma rutura do que são as soluções políticas de alternância do bloco central de tantos anos em Portugal, e viram nessa rutura a expectativa da melhoria das condições de vida".
"É para cumprirmos essa expectativa, esse compromisso que temos para com uma maioria social que luta tanto para dar conta das mais básicas necessidades todos os dias, que o BE cá está para ter toda a exigência em que os acordos de 2015 sejam exigidos. Passos atrás, naturalmente, nenhum de nós pode permitir", acrescentou.
Sobre as propostas saídas da concertação social, Catarina Martins sublinha que agora é a hora do parlamento, com a sua discussão marcada para dia 6 de julho.
"Já chegaram coisas da concertação social dadas como inamovíveis e não foi assim, porque é o parlamento que decide. O ano passado, o Governo tinha acordado na concertação social uma baixa da TSU patronal, algo que ia contra os acordos de 2015, e essa medida pura e simplesmente foi chumbada no parlamento e encontrou-se uma nova solução", declarou.
Catarina Martins disse esperar que "todos cumpram, como o BE cumpre, a sua palavra" e o esforço da sua convicção e convergência "para encontrar medidas eficazes de combate à precariedade, que têm de ser lei e devem ser lei".
"O BE permanece hoje com tanta convicção e tanta capacidade de convergência como no primeiro dia para combater a precariedade", disse, argumentando que "as alterações têm de ser para melhorar as condições de quem vive do seu trabalho", recusando as que façam entrar "pela janela as regras da precariedade" que tentam deitar "porta fora".
Acerca das negociações para o Orçamento do Estado para 2019, Catarina Martins disse que "o BE fará este ano o que fez todos os anos: a negociação para garantir o cumprimento dos acordos de 2015 para recuperar salários e pensões, para proteger os serviços públicos, para que Portugal possa ter mais justiça na economia".
"Sabemos que foi importante esta possibilidade de novo respeito pela dignidade de quem trabalha no país, seria uma desilusão se alguém abdicasse da possibilidade de irmos mais longe, até para as pessoas sentirem na sua vida concreta ganhos da atual solução política", sublinhou.
Acompanhada pelo vereador do BE na Câmara de Lisboa Ricardo Robles, Catarina Martins distribuiu pela Feira do Livro um panfleto com as propostas bloquistas na área do livro, como uma iniciativa de alteração à lei do preço fixo do livro para "tirar da lei os alçapões que permitem práticas abusivas dos grandes grupos de edição e distribuição que condenam editoras e livrarias independentes à falência".
Uma alteração ao Regime de Arrendamento Urbano para aumentar a proteção de livrarias e alfarrabistas de despejos é outra das medidas dos bloquistas nesta área.
"Têm vindo a agudizar-se nos últimos anos o encerramento de livrarias e alfarrabistas nos centros históricos, com a pressão da lei das rendas. Achamos que é possível proteger estes verdadeiros centros culturais das nossas cidades, dos quais precisamos", sustentou.
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