Num debate centrado na conclusão do terceiro programa de assistência financeira à Grécia, naquela que foi a primeira vez que Centeno discursou no hemiciclo da assembleia europeia desde que tomou posse como presidente do Eurogrupo, em janeiro passado, os dois deputados do PSD que intervieram acusaram-no de não tomar uma posição clara sobre o orçamento da União Europeia pós-2020 e de ter dito, "de forma propagandística", que o processo de reforma da zona euro em curso está a ser um sucesso, quando é "dececionante".
Na sua intervenção, José Manuel Fernandes começou por salientar que "o próximo Quadro Financeiro Plurianual (QFP) de 2021 a 2027, os próximos fundos são cruciais, são fundamentais", para uma Europa coesa, competitiva, segura, mas também para "uma zona euro forte e estável".
"E o senhor presidente do Eurogrupo nesta matéria não tem dito nada, tem sido inexistente", lamentou, acrescentando que era também "essencial" conhecer a posição do presidente do Eurogrupo sobre uma capacidade orçamental própria da zona euro.
Segundo o deputado, era importante saber, por exemplo, se Centeno "concorda com a proposta do Parlamento Europeu ou com a proposta da Comissão para o próximo QFP", se "concorda com cortes na política de coesão e seu desvirtuamento" e que "Estados-membros mais ricos até tenham aumentos e Estados-membros mais pobres, como Portugal, tenham cortes". "Precisávamos de um presidente forte e liderante, e esperamos que tal venha a acontecer", concluiu.
Intervindo minutos depois, também Paulo Rangel foi muito crítico, afirmando que a conclusão do resgate à Grécia "sem dúvida que é marco importante", mas acrescentando que, até para reforçar esse êxito, "era preciso reformar zona euro", e o que aconteceu na última "Cimeira do Euro", na sexta-feira passada, "foi uma grande deceção", apesar de Centeno ter dito "de forma propagandística" que era "um grande sucesso".
Lembrando que estava anunciado um plano para concluir a União Bancária, o líder da delegação do PSD ao PE reforçou que o resultado da cimeira foi "dececionante", também em relação à capacidade orçamental, num momento crucial em que era possível avançar efetivamente na reforma na zona euro, mas chega-se a julho "sem um roteiro" sequer.
Por fim, questionou Centeno sobre a sua posição, enquanto presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças português, relativamente à criação de impostos europeus, "defendida pelo PS português".
Na sua intervenção final, que concluiu o debate de duas horas no hemiciclo, Mário Centeno voltou a falar apenas do que classificou como o sucesso da conclusão do programa de assistência à Grécia, sem responder às intervenções de José Manuel Fernandes e Paulo Rangel.