Rui Rio subiu ao púlpito da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, e disse perentoriamente ao que ia: “Venho fazer uma intervenção à Universidade de Verão do PSD e da JSD, portanto, os destinatários do que eu vou dizer são vocês. Sei que está ali o resto do país a olhar pela janela, mas eu vou falar para vocês”, começou por dizer o presidente do PSD.
O líder social-democrata regressou à Universidade de Verão, onde esteve em 2005 e 2009, e teve a tarefa de encerrar o evento. Num discurso em que pretendeu “partilhar algumas ideias” mas também “alguns conselhos”, Rio começou por salientar a importância da “formação política”, isto numa altura em que, na sua ótica, vivemos uma era marcada pela “baixa qualidade dos agentes políticos”.
O presidente do PSD foi mais longe ao analisar “o regime, o sistema político e o sistema partidário”: “Os agentes políticos de qualidade são hoje muito menos do que eram no passado”. Os bons políticos, disse Rio, ainda existem, “mas em quantidade muito inferior ao que havia no passado”. “Não vale a pena tapar o sol com a peneira: há um afastamento real, como todos nós sabemos, entre os partidos políticos e a sociedade”, sentenciou.
Dirigindo-se aos jovens com um discurso crítico em relação ao que considera os políticos convencionais, Rui Rio centrou depois a sua intervenção na forma de quebrar o “politicamente correto”.
“Por isso é que me veem muitas vezes a quebrar aquilo que é o politicamente correto, porque o politicamente correto é politicamente adaptado a uma situação que tem de mudar”, afirmou o presidente social-democrata, para depois considerar que é importante fazer “o mais difícil”. “Não é que eu não saiba fazer o mais fácil, mas temos de ousar fazer o mais difícil para fazermos aquilo que temos a consciência que está mal. É fundamental fazer isto”, atirou Rio, gerando os primeiros aplausos vincados dos jovens (e não só) presentes em Castelo de Vide.
De seguida, Rio virou a agulha para a comunicação social, continuando a insistir no “politicamente correto”, que, na sua opinião, “é o mediaticamente correto”, isto é, "fundamentalmente, seguir a agenda política ditada pelos grandes meios de comunicação, aqueles que mexem mais fortemente com a sociedade”. “Se seguirem isso, se o vosso discurso e o vosso quotidiano for ditado por isso, vocês estão a ser ditados por objetivos contrários aos da política”, foi a lição de Rio.
As críticas de Rui Rio à comunicação social não ficaram por aí, com o líder do PSD a considerar que “serviço público” que os partidos devem prestar não coincide com o serviço público prestado pelos media. “Na política devemos estar e temos de estar em nome do serviço público. E nos meios de comunicação social estamos em nome das vendas e dos lucros. Têm de vender senão fecham”, rematou.