"Há no PSD um conjunto de deputados que são manifestamente silenciados"
A reunião do grupo parlamentar do PSD ficou hoje marcada por queixas de "silenciamento" de alguns dos deputados da bancada, que ficaram sem resposta por parte do líder parlamentar Fernando Negrão, que também não falou aos jornalistas no final.
© Lusa
Política Grupo parlamentar
Na reunião à porta fechada, segundo relatos feitos à Lusa, foi a antiga vice-presidente do PSD Teresa Morais que levantou a questão do "silenciamento" a que considera terem sido votados muitos dos deputados da bancada, que não são chamados a intervir em nome do partido, questionando o sentido de tal estratégia, "sobretudo num ano eleitoral, em que o partido precisa de todos".
A ex-ministra do anterior Governo PSD/CDS-PP refutou ainda o que chamou de "tese de conspiração" acerca do grupo parlamentar contra a atual direção do partido, defendendo que há muitos deputados que só querem trabalhar.
Na resposta, Fernando Negrão remeteu a questão da não intervenção de alguns deputados para "uma reflexão" que levaria à direção do partido, o que motivou críticas do anterior líder parlamentar, Hugo Soares.
Hugo Soares considerou que, mais grave que uma deputada sentir que há silenciamento de alguns parlamentares, é tal não ter sido "desmentido categoricamente".
Também a ex-ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz manifestou total concordância com a intervenção de Teresa Morais.
"Há um conjunto de deputados a quem neste momento não é distribuído trabalho e que são manifestamente silenciados", acusou.
No final da reunião da bancada, Fernando Negrão apenas disse "contar com todos".
Ao contrário do habitual, não houve declarações à imprensa no final da reunião.
Hugo Soares criticou ainda as recentes declarações do secretário-geral do partido, José Silvano, que anunciou "uma posição diferente do PSD dos outros anos" com a apresentação de propostas no debate do Orçamento do Estado.
Hugo Soares considerou que se tratou de um "ataque" à anterior direção do partido, como se existissem dois PSD, e sublinhou que os sociais-democratas já apresentaram dezenas de propostas de alteração em relação aos orçamentos de 2017 e 2018.
"Depois de conhecermos a proposta, no dia 15, aí sim - e é uma posição diferente do PSD dos outros anos anteriores - é que iremos apresentar medidas concretas. Eu repito: medidas concretas sobre todos os temas do Orçamento, depois de conhecido, em que estivermos em discordância", afirmou José Silvano, em 02 de outubro, numa reação à entrevista do primeiro-ministro, António Costa, na véspera à TVI.
O antigo vice-presidente da bancada Carlos Abreu Amorim fez questão de cumprimentar Fernando Negrão, dizendo que tem sido "a voz e a linha" de rumo da oposição do PSD.
Para o deputado eleito por Viana do Castelo, a generalidade dos militantes do PSD não está satisfeita com o "modo reverencial" como é tratado António Costa pela atual direção do PSD.
"Fernando Negrão tem feito o contrário. Sei que tem sido muito difícil e, portanto, apenas lhe digo para continuar", apelou.
Sobre as questões levantadas por Teresa Morais, Abreu Amorim considerou que o partido "não deve fingir que não existem problemas", nem "encontrar soluções atamancadas e de última hora", admitindo que as queixas iriam ter eco na comunicação social.
Também Paula Teixeira da Cruz vincou a importância de o PSD ter "que ter sempre como alvo o primeiro-ministro", considerando que prejudica o partido "espraiar-se em várias direções".
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