Fake news por cá. O relógio de Catarina e o "esquema da manipulação"
O tema tem sido mais discutido lá fora (nos Estados Unidos e no Brasil), mas por cá, em solo português, o assunto começa a ganhar relevância. Direita e Esquerda trocam acusações.
© Gustavo Bom / Global Imagens
Política Imprensa
A expressão fake news (notícias falsas, em português) entrou para o nosso léxico, pela primeira vez, aquando da eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos. O fenómeno veio para ficar e ter-se-á intensificado no Brasil, durante a campanha às eleições presidenciais. O debate em torno da forma como as fake news influenciam resultados eleitorais está lançado e Portugal não está imune.
Este fim de semana, um artigo publicado no Diário de Notícias dava conta da existência de vários sites, sediados no Canadá, que alojam notícias falsas sobre a política portuguesa. Depois de criadas, estas ‘notícias’ são divulgadas nas redes sociais e, num ápice, alcançam milhares. No centro das fake news, em Portugal, diz o artigo, está o site ‘Direita Portuguesa’.
Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, foi uma das visadas nesses conteúdos, com a divulgação de uma imagem onde a bloquista surgia com um relógio no pulso avaliado em 20,9 milhões de euros, acompanhada da seguinte frase: 'A maior fraude da política portuguesa depois de António Costa'. Na realidade, o suposto relógio nem se vê na imagem e o Bloco desmentiu a notícia. Apesar disso, a imagem tornou-se viral.
Ora, o artigo em causa levou a que Francisco Almeida Leite, antigo secretário de Estado do governo de coligação PSD/CDS reagisse no Twitter, desconsiderando o trabalho jornalístico do DN ao acusar o jornalista (Paulo Pena) de ser “um homem próximo do núcleo duro das lideranças do Bloco de Esquerda”, de ser “co-autor de livros com a ‘malta’ do BE” e de ser “entusiasta de Louçã desde os tempos da FCSH”.
Ainda não li, mas parece que se fala hoje de um artigo sobre “fake news” à direita [claro] escrito por um homem próximo do núcleo duro das lideranças do Bloco de Esquerda. Co-autor de livros com a ‘malta’ do BE e entusiasta de Louçã desde os tempos da FCSH https://t.co/ivJ3dEvhAu
— F. Almeida Leite (@FranciscoALeite) October 21, 2018
Noutra publicação, Francisco Almeida Leite acrescenta: “Não acreditem em tudo o que lêem, são as fake news da extrema-esquerda...”
Os bloquistas do @EsquerdaNet, sucessores das práticas persecutórias do @corporacoes, já começaram por aí a sua ação de defesa do artigo do seu correligionário no DN de hoje. Não acreditem em tudo o que lêem, são as fake news da extrema-esquerda...
— F. Almeida Leite (@FranciscoALeite) October 21, 2018
A matilha saiu toda hoje à rua por eu ter lembrado que o autor da notícia das fake news é próximo do Bloco, publica livros com eles e dá entrevistas ao @EsquerdaNet. Organizaram-se à séria, o que me valeu foi que o Galamba está no Governo, o Abrantes calado e o Truques foi-se...
— F. Almeida Leite (@FranciscoALeite) October 21, 2018
Estes comentários, sendo de um antigo governante de Direita, não passaram indiferentes à Esquerda, tendo já recebido a atenção, por exemplo, do deputado do Bloco de Esquerda, Moisés Ferreira. "Olha para eles todos a saltar por ter sido descoberto o seu esquemazinho de manipulação da opinião pública!", comentou, na sua página de Facebook.
O debate está lançado. E, se a tendência se repetir por cá, as fake news vieram para ficar e tenderão a aumentar no período eleitoral que se aproxima, como se verificou noutros países.
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