“O Governo está a deitar-se na cama que fez”
Manuela Ferreira Leite acusa o Governo de “irresponsabilidade e imprudência” na forma como comunica com a sociedade.
© Global Imagens
Política Ferreira Leite
Esta quinta-feira ficou marcada pela manifestação de protesto das forças de segurança contra o congelamento das carreiras, falta de efetivo e de investimento na GNR, PSP, SEF, guardas prisionais, Polícia Marítima e ASAE.
Depois de um dia de protestos relativamente calmo, e após os organizadores do mesmo darem por terminada a manifestação, os ânimos exaltaram-se frente à Assembleia da República, com os polícias à civil a medirem forças com os colegas fardados que estavam em trabalho.
Foi perante estas imagens que Manuela Ferreira Leite acusou o Governo de ser o principal culpado por este descontentamento.
“Acho que o Governo e o Partido Socialista estão a deitar-se na cama que fizeram devido à forma como falam com as pessoas. Uma coisa são os dados políticos, as conversas entre os deputados e os membros do Governo, outra coisa são grandes comunicações que passam para toda a gente”, começou por dizer a antiga ministra das Finanças, no seu espaço de comentário político na TVI24, acrescentando que o Executivo devia ter mais “respeito e prudência” na forma como apresenta as leis à sociedade.
“O Governo faz imensa propaganda com as leis que aprova, transmite às pessoas a sensação que resolveu o problema, mas nada na vida se resolve com apenas a publicação de uma lei. Por isso acho que os ministros deviam ser mais prudentes e mais responsáveis em vez de criar expectativas que depois não se concretizam”, esclareceu.
E para piorar, segundo Ferreira Leite, “esta semana o ministro das Finanças teve uma frase muito infeliz, disse que o desemprego e o défice vestem Prada, uma marca que é sinónimo de luxo, uma das marcas mais luxuosas e caras do mundo” o que, para a social-democrata, ainda veio aumentar as expectativas das pessoas.
“Se realmente estamos ao nível de luxo, então é natural que cada um nós pense que tem direito a um bocadinho de luxo. É normal que as pessoas de vencimentos e atividades menos bem remuneradas e setores como este [forças de segurança], em que sentem muito a ausência de segurança para eles próprios, como a falta de efetivo e de investimento, criem expectativas”, sublinhou.
Em jeito de conclusão, Ferreira Leite deixou um aviso a Mário Centeno: “Não há seriedade e honestidade para afirmar que estamos numa zona de risco. Nesta altura está tudo a correr bem, mas se alguma coisa correr menos bem nós, de um dia para o outro, não tornamos a dizer que estamos na fase da Prada”.
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