Bloco vê nas críticas de Cavaco "estímulo" para continuar atual caminho
O dirigente do BE José Manuel Pureza considerou hoje que Cavaco Silva tem uma "inimizade política clara" pela atual solução política, considerando que as críticas do antigo Presidente da República são "mais um estímulo" para continuar o mesmo caminho.
© Global Imagens
Política José Manuel Pureza
Em entrevista à TSF hoje de manhã a propósito do segundo volume das suas memórias enquanto Presidente da República, Cavaco Silva assumiu nunca ter pensado que "o Bloco de Esquerda e o PCP se curvassem com tanta facilidade", dando o exemplo das questões orçamentais.
"O país hoje está melhor do ponto vista económico e do ponto de vista social. Cavaco Silva não gosta dessas melhorias, não gosta desse país que está melhor, tem uma inimizade política clara com esta situação, volta a exprimi-lo e nós achamos que isso é mais um motivo para estarmos determinados em conseguir novos avanços, justamente na perspetiva contrária àquele que defendeu e defende Cavaco Silva", disse José Manuel Pureza à agência Lusa.
Para o deputado bloquista, "as críticas de Cavaco Silva são mais um estímulo - de pequena monta -, mas um estímulo apesar de tudo" para se continuar a "traçar o caminho" atual e que "tem ajudado a que, ainda que timidamente, haja progressos no terreno económico e social".
"O facto de Cavaco Silva entender referir-se criticamente ao Bloco, não sendo novo, é sintomático porque só o faz evidentemente porque reconhece que o Bloco de Esquerda é um partido que hoje tem mais força, tem mais poder, tem mais capacidade de influenciar decisões importantes e é isso que faz com que Cavaco Silva critique o Bloco", começou por defender.
O BE e o antigo chefe de Estado, prosseguiu José Manuel Pureza, "têm sempre estado em posições antagónicas".
"E, no caso concreto da experiência política dos últimos três anos, sempre que Cavaco Silva queria recuar, em matérias sociais e económicas, o Bloco quis avançar e triunfou. Cavaco Silva perdeu", sublinhou.
O dirigente do BE admitiu que este "não tem sido um processo nada fácil" uma vez que "a trajetória desta solução política não tem sido fácil e tem estado marcada por contradições".
"Muitas vezes o PS e o Bloco têm estado em discordância, mas nessa discordância Cavaco Silva tem estado sempre do lado contrário àquele que o Bloco tem ocupado", insistiu.
Na mesma entrevista, o antigo Presidente da República disse que comprovou o que achava desde o início do Governo liderado por António Costa: "A ideologia acabaria por ser derrotada pela realidade, na parte económica, que é a grande parte imposta a Portugal vinda da interdependência dos países membros da zona euro".
"Nunca que pensei que o Bloco de Esquerda e o PCP se curvassem a essa realidade com tanta facilidade", afirmou, sublinhando que os dois partidos acabaram por aceitar "o que criticavam com tanta violência no governo de Passos Coelho", dando como exemplo o défice.
"O que disseram quando o Governo [de Passos Coelho] tentava reduzir, agora aceitam a imposição do ministro das Finanças para respeitar o que ele procura impor no Eurogrupo aos outros países nos mais variados domínios fiscais", acrescentou.
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