"Governo deve alterar prioridades. Ninguém vive melhor com défice zero"
Para Manuela Ferreira Leite, a política que o Governo de António Costa está a seguir pode vir a originar uma “bomba explosiva”, numa comparação com o que se está a passar em França com os chamados ‘coletes amarelos’.
© Global Imagens
Política Ferreira Leite
A situação em Portugal está longe de chegar ao nível daquela se vive nas ruas de Paris. No entanto, sublinha Manuela Ferreira Leite, esse dia pode muito bem chegar e a culpa é das “expetativas” que foram criadas e que acabaram por ser “goradas”, desiludindo as pessoas.
“Neste momento não há ‘coletes amarelos’ em Portugal, mas também não é preciso [que existam] para nós percebermos que o discurso de que ‘tudo é um mar de rosas’ faz com que as pessoas criem expetativas de que vão melhorar porque existe forma de isso acontecer, mas não é verdade”, refere.
No seu habitual comentário na antena da TVI24, a ex-ministra das Finanças debruçou-se sobre as greves que têm existido em Portugal nos últimos meses e que atingiram o setor da Saúde, Justiça, Segurança, Transportes, Educação, entre outros.
Relativamente à greve dos estivadores do porto de Setúbal, Ferreira Leite não tem dúvidas de que a entidade patronal tem aqui ‘culpa no cartório’.
“Esta é uma situação complexa, mas muito por causa das próprias empresas que deixaram arrastar a situação e têm uma forma de contratar que não é muito própria do século XXI, parece que estamos na Idade Média”, lamenta.
E nesta senda, continua o seu comentário defendendo que as greves que têm vindo a ter lugar resultam de um “gorar de expetativas”.
Mais. Manuela Ferreira Leite considera que a política que está a ser seguida de “não desagravamento de impostos e de redução da despesa pública constitui uma situação que pode ser uma bomba explosiva”.
“Não é possível aumentar mais a carga fiscal – e se houver aumentos de impostos há então uma situação absolutamente explosiva – e também não se está a ver como é que se vai contrair mais a despesa”, refere a comentadora, para de seguida completar o raciocínio lembrando que há “muitos setores” que precisam que esta despesa seja “aumentada” ao invés de ser reduzida.
Face ao exposto, Ferreira Leite não tem dúvidas em deixar um alerta e um conselho ao Governo: “O Governo devia pensar seriamente em alterar as suas prioridades. Ninguém vive melhor com um défice zero”.
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