Auditoria ao Novo Banco? "Centeno quer disfarçar o impacto político"
Francisco Louçã defende que se torna imperioso avaliar se os resultados que o Novo Banco apresentou esta sexta-feira são reais. Se forem, é o Estado que sai 'mal na fotografia'.
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Política Prejuízos
O Novo Banco teve prejuízos de 1.412,6 milhões de euros em 2018. A instituição bancária, no anúncio que fez esta sexta-feira, deu ainda conta que alterou os resultados de 2017 e subiu os prejuízos para 2.298 milhões de euros nesse ano. Mas há mais. O Novo Banco anunciou também que vai pedir uma injeção de capital de 1.149 milhões de euros do Fundo de Resolução, entidade que pertence à esfera do Estado e é gerida pelo Banco de Portugal.
Este tema foi objeto de análise por parte de Francisco Louçã que, no seu habitual espaço de comentário na antena da SIC Notícias, começou por afirmar que acredita que os donos do Novo Banco “vão pedir [ao Estado] até ao último cêntimo”. Ora, o ex-líder bloquista refere-se, em concreto, ao contrato que foi celebrado com Lone Star, que acordou comprar 75% do Novo Banco, ficando os restantes 25% na posse do Estado.
Na altura em que foi celebrado o acordo, o Fundo de Resolução comprometeu-se a injetar capital no Novo Banco até um máximo de 3.890 milhões de euros no caso de se verificar a degradação de ativos do banco com resultado no seu nível de solidez e que impactasse o alcance das metas estabelecidas pelas autoridades europeias.
E “porque foi feito um contrato nestas condições? Quem é que o fez?”, questionou Louçã para logo de seguida indicar que o responsável foi Mário Centeno. Já a organização da negociação, recordou ainda, ficou a cargo de “Sérgio Monteiro, um governante do anterior governo que continuou a sua função” neste caso.
No contrato celebrado, acrescentou, “o Estado ficou com quase toda a responsabilidade por cumprir a diferença nos rácios de capital sempre que houvesse problemas. Ora, este banco herda muitos problemas. Fala-se de 8 mil milhões, alguns peritos bancários diziam que poderia chegar a 12 mil milhões de imparidades, isto é, créditos de cobrança difícil”.
Perante as circunstâncias, explicou o bloquista, “o que a Lone Star faz é registar a impossibilidade de cobrar créditos, portanto põe-nos na conta do banco e pede o dinheiro ao Estado. Ora, este procedimento é errado em todos os pontos de vista porque é tudo feito depressa”.
Assim que foram conhecidos estes resultados, o ministro das Finanças ‘entrou em cena’ e anunciou uma auditoria às contas do Novo Banco. No entendimento de Louçã, com esta iniciativa “Centeno quer disfarçar o impacto político desta decisão”, recordando as reações sindicais “que são totalmente compreensíveis”.
Recordou o político que, de facto, “dizem que não pode haver correção do salário dos enfermeiros nem dos professores e de um dia para o outro... são 850 milhões, sendo que não será apenas este valor que será pedido ao Estado. Depois o banco vai pedir mais 300 milhões ao Fundo de Resolução. E os outros bancos ficam furiosos, de cabeça perdida com isto, já que têm de financiar dos seus lucros eventuais lucros escondidos ou prejuízos – vá-se lá saber – deste banco que tem esta espécie de cheque em branco”.
E se “o Estado tem de fazer reforço de capital do fundo de resolução isso é défice. Com 300 milhões, lá vão quase 0,2% do Produto [Interno Bruto]. O défice de 2019 já fica quase esgotado nesta operação”.
Perante as circunstâncias, “é bom que se saiba se isto são coisas verdadeiras e temos de nos perguntar porque não houve uma verificação permanente do processo e nisso o Governo sai muito mal”.
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