"A culpa das ligações familiares no Governo é dos partidos"
Miguel Sousa Tavares garante que ter no mesmo Conselho de Ministro marido e mulher e pai e filha “não é saudável”.
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Política Sousa Tavares
As relações familiares dentro do Governo socialista continuam a dar que falar. Esta segunda-feira foi a vez de Miguel Sousa Tavares analisar este polémico assunto no seu espaço de comentário semanal no jornal da noite da TVI.
O escritor deixou claro, durante o comentário desta segunda-feira, que não concorda com as ligações afetivas que polvilham o Executivo de António Costa e acusa os partidos de terem a sua quota-parte da culpa.
“Termos um Conselho de Ministros onde está um marido e uma mulher e um pai e uma filha não é normal. Não é normal, não é saudável e é, de facto, estranho. O mínimo que se pode dizer, é que é estranho. É claro que parte da culpa disso está nos partidos, os partidos, hoje em dia, funcionam muito como clubes fechados, onde é difícil entrar e onde se privilegia mais, desde as juventudes partidárias, que é onde os partidos, essencialmente, formam quadros, a fidelidade ao partido que a diversidade”, disse, acrescentando que “quem bate à porta deste clube é mal recebido, é recebido como um estranho e, portanto, é normal que aquilo seja gerido quase como uma família”.
No entanto, para Miguel Sousa Tavares a presença de cada vez mais relações familiares em cargos governativos advém também da dificuldade cada vez maior de recrutar candidatos fora dos partidos porque há cada vez menos pessoas a querem ter cargos políticos, ora porque “são menosprezados pela opinião pública”, ora porque cada vez mais são vistos como “suspeitos e corruptos”.
O comentador vai ainda mais longe e critica as declarações de Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda que disse que é necessário que o PS “reflita obre as relações familiares”, contudo, defende a nova lei da transparência.
“Há aqui também uma dificuldade de recrutar fora porque, hoje em dia, os candidatos a entrar na política são desprezados pela opinião pública, são muito mal tratados pela opinião pública e, quando vemos Catarina Martins a dizer que o PS tem de refletir sobre esta história das relações familiares, eu também acho que a Catarina Martins tem de refletir, por exemplo, sobre a lei da transparência que está agora para debate na Assembleia da República porque, com base nesta lei, qualquer pessoa que venha para a atividade política vai passar por uma devassa total da sua vida patrimonial e financeira, a que muita gente não se está para se expor e é, à partida, tratado como um suspeito. É como se dissesse: ‘sou político, logo sou suspeito e corrupto’”, frisou.
Em jeito de resumo Miguel Sousa Tavares sublinha que “ninguém quer fazer política nesta base”, portanto, é natural que os partidos “funcionem como clubes fechados”. “ Estamos a assistir aquilo que se cozinhou”, concluiu.
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