Hugo Soares assume divergência com PSD após "borla" dada a Costa
O ex-líder parlamentar do PSD Hugo Soares assumiu hoje a sua divergência com a sua bancada nos motivos da votação contra a reposição integral do tempo de serviço dos professores, assumindo que é contra o princípio.
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Política Grupo parlamentar
À Lusa, depois da votação, na Assembleia da República, o deputado Hugo Soares afirmou que a sua declaração de voto terá "uma linha", em que quer deixar claro que não votou "contra pelas razões invocadas pelo PSD", mas sim porque é "contra a solução de princípio".
Na quinta-feira, numa reunião da bancada do PSD, segundo relatos feitos à Lusa, Hugo Soares acusou a direção do partido de querer "passar culpas" para o grupo parlamentar, dizendo que tal já aconteceu em anteriores ocasiões, até com o líder parlamentar, Fernando Negrão (quando a bancada foi acusada pela direção de votar à revelia um diploma do CDS sobre combustíveis).
Hugo Soares lamentou ainda que Negrão tenha parecido estar "ausente" deste processo e considerou que a gestão do diploma dos professores foi uma "borla" a António Costa, defendendo que o PSD nunca devia ter defendido a reposição do tempo de serviço congelado.
Reposição do tempo dos professores é "injusta, iníqua e irresponsável"
Numa declaração de voto a que a Lusa teve acesso e que tinha anunciado hoje em plenário, o deputado refere que votou contra o texto final que repunha todo o tempo de serviço que tinha sido congelado aos professores, "mas não pelas razões pelo PSD nesta matéria", invocando igualmente uma "razão de coerência".
Hugo Soares defende que foi líder parlamentar de uma bancada que "sempre defendeu que esta era uma decisão que caberia ao Governo assumir, por ser ele a estar na posse de todos os dados para tomar uma decisão como esta". "Mais: votei diversos Orçamentos do Estado (com o país com e sem a alçada da 'Troika') em que esta matéria estava clarificada: o tempo não seria contado. Aceito e admito que o PSD mude de estratégia; mas em coerência faria sempre esta declaração de voto", justifica.
Por outro lado, o deputado do PSD considerou que, apesar de as pretensões dos professores serem legítimas, é "injusta, iníqua e insustentável a assunção do princípio da contagem integral do tempo de serviço que havia sido congelado".
Em primeiro lugar, Hugo Soares considera que esse princípio seria injusto, comparado com a situação dos trabalhadores que trabalham no setor privado.
"A esses, sem qualquer retorno, não podemos exigir que à custa dos serviços públicos, ou de impostos, paguem a recuperação integral do tempo de serviço dos professores para os efeitos reclamados", salientou.
Por outro lado, classificou essa reposição integral aos professores como "iníqua", porque "era mandatório que o mesmo princípio fosse aplicado a todas as carreiras especiais". "Insustentável: porque -- ao contrário do que sempre apregoa o Governo e o PS - o país não virou a página da austeridade; antes está mascarada. A obrigação de um político é tomar decisões hoje que nunca hipotequem o futuro", afirmou.
PSD, PS, CDS-PP chumbaram hoje, em votação final global, o texto proveniente da Comissão Parlamentar de Educação para a reposição integral do tempo de serviço dos professores, que teve o apoio do Bloco, PCP e PEV.
Com o resultado desta votação, em que o PAN optou pela abstenção, fica em vigor o decreto do Governo que recupera apenas dois anos, quatro meses e 18 dias do tempo de serviço (referente ao período entre 2011 e 2017) em que a carreira docente foi alvo de congelamento.
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