Europeias em 5 pontos: Do 'tombo' da Direita ao histórico 'voo' do PAN
A Europa foi ontem a votos numa eleição marcada pelo fantasma do Brexit. Por cá, não foram muitos os portugueses que exerceram o seu direito ao voto, mas os que o fizeram catapultaram o PAN e mostraram o ‘cartão vermelho’ à Direita.
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Política Eleições Europeias
Quando olhamos para os resultados das eleições europeias deste domingo constatamos que há pelo menos cinco conclusões a que podemos chegar através dos números que, aliás, nos mostram que foi o PS o partido mais votado pelos portugueses.
No entanto, terá sido o suficiente para considerar os socialistas os grandes vencedores da noite?
E o estado em que se encontra a Direita portuguesa? Os partidos fundados por dois sociais-democratas que ‘desertaram’ do PSD fizeram mossa? Cumpriram os objetivos a que se propuseram?
Face ao resultado esmagador da abstenção terá sido a democracia a grande derrotada destas eleições?
A sombra do "poucochinho" que também não foi muito
António Costa e o cabeça-de-lista Pedro Marques© Global Imagens
As eleições europeias de 2014 foram o mote para António Costa derrubar António José Seguro da liderança do PS, acusando o então secretário-geral socialista de ter alcançado um resultado eleitoral “poucochinho” para aquelas que eram as ambições do partido. Volvidos cinco anos, o PS passou de 31,46% dos votos para 33,38%. Por outras palavras, os socialistas conseguiram aumentar o número de deputados que, tudo indica, será 10 (em 2014 foram eleitos 8). Pese embora a elevada abstenção registada em Portugal, para o PS o ponto mais importante a assinalar foi a “derrota da Direita”.
As direitas da Direita não chegaram para fazer cócegas à Esquerda
Paulo Rangel, Paulo Sande, André Ventura e Nuno Melo© D.R.
Há cinco anos, PSD e CDS foram a eleições coligados, tendo conseguido recolher 27,71% dos votos. Terminado o governo então liderado por Passos Coelho, os dois partidos seguiram caminhos separados no sufrágio europeu deste ano, mas perderam-se pelo caminho. O PSD não foi além dos 21,9% e não ganhou nenhum eurodeputado, além dos que já estão em Estrasburgo. O CDS ficou atrás do Bloco de Esquerda e do PCP com 6,1%, conseguindo apenas o mesmo eurodeputado que já tinha no Parlamento Europeu.
Quem também ficou aquém das expetativas foi o Aliança, de Pedro Santana Lopes, e a coligação Basta, liderada por André Ventura. O primeiro recolheu 1,86% dos votos e o segundo 1,49%. Ambos haviam definido a eleição de “um ou dois” eurodeputados como a margem mínima para estas eleições.
O histórico (e surpreendente) 'voo' do PAN
Francisco Guerreiro, o primeiro eurodeputado do PAN© Global Imagens
O partido liderado por André Silva foi o grande vencedor e a grande surpresa da noite. Em apenas cinco anos conseguiu chegar ao Parlamento nacional e, agora, ao Parlamento Europeu. Entre 2014 e 2019, o Partido Pessoas, Animais, Natureza passou de 1,72% para 5,08% dos votos, o que se traduz num crescimento percentual de 3,36% e na consequente eleição de Francisco Guerreiro como eurodeputado - algo inédito no partido, pelo que faz história.
Efeitos à Esquerda: CDU sai cabisbaixa, Bloco com motivos para celebrar
João Ferreira (PCP) e Marisa Matias (BE)© D.R.
O Bloco de Esquerda é também um dos grandes vencedores da noite, pois conseguiu eleger dois mandatos graças ao crescimento eleitoral de 5,26% (9,82% em 2019 face aos 4,56% de 2014).
Em sentido contrário encontramos a CDU que se pode juntar ao pódio dos derrotados, pois perdeu 5,8% dos eleitores – passou de 12,68% e três deputados em 2014 para 6,88% e um eurodeputado em 2019.
Ao longo da campanha, João Ferreira foi pedindo um reforço aos eleitores, mas o que estes deram foi o pior resultado de sempre da CDU no sufrágio europeu.
Um gigante chamado abstenção, ou a "derrota" de todos os partidos
© Reuters
As palavras são de Rui Rio. O líder do PSD disse ontem que é preciso “arranjar novas formas de fazer campanha” quando ficou claro que a taxa de abstenção se fixou nos 68,6%. “ A taxa de abstenção é uma derrota para todos os partidos em sem exceção, uma derrota para a democracia em Portugal”.
A taxa de participação dos portugueses no sufrágio europeu foi de 31,36%, o que deixou 68,6% para a abstenção, um número que ultrapassa o registado em 2014 (66,2%), que é o mais alto de sempre em eleições em Portugal e que deixa o país entre os quatro países europeus com esta taxa mais elevada.
De referir que em termos absolutos, o número de votantes será maior do que há cinco anos, com mais cerca de 30 mil eleitores a votar.
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