Reforma da supervisão financeira baixa à especialidade sem votação
O parlamento aprovou hoje por unanimidade o requerimento do Partido Socialista (PS) para que a proposta de lei para a reforma do sistema de supervisão financeira baixe à especialidade por 30 dias, sem votação.
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Política Deputados
A proposta será agora discutida pelos deputados na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA), depois de os parlamentares terem hoje debatido, no plenário, as linhas gerais da proposta de lei apresentada pelo Governo.
No final do debate, o secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, defendeu, em declarações aos jornalistas, que "há espaço" para fazer as adaptações que o parlamento "entenda necessárias" na proposta, esperando que as novas regras sejam aprovadas "rapidamente".
"Existe espaço nesta proposta para, sem a desvirtuar, fazer as adaptações que se entendam necessárias", disse Ricardo Mourinho Félix aos jornalistas no final da discussão da proposta de lei que cria e regula o funcionamento do Sistema Nacional de Supervisão Financeira.
O governante defendeu que, apesar da aproximação do final da legislatura, "ainda há tempo para que o diploma seja aprovado".
"Da parte do Governo há toda a disponibilidade para participar, vir a esta câmara todas as vezes que seja necessário para discutir esta proposta. Estou certo de que nos grupos políticos que acham que esta é uma prioridade há também essa preocupação e empenhamento", acrescentou.
"Dada a prioridade e a importância que a proposta tem, penso que os portugueses não iriam perceber que a proposta não seja aprovada pelo parlamento até ao final da legislatura. Não podemos é esperar que venha uma próxima situação para depois todos lamentarmos que na altura não fizemos", disse ainda Mourinho Félix.
Na sua intervenção, o secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, sublinhou que a proposta apresentada pelo executivo para reformar o sistema de supervisão financeira é "equilibrada" e foi melhorada com "vários contributos", apesar de ter recebido várias críticas.
"Não é consensual, mas é ponderada, sistemática e equilibrada", resumiu o governante.
No debate, foram várias as críticas às propostas do executivo, com os partidos a colocarem dúvidas em relação à independência do Banco de Portugal, nomeadamente no que diz respeito à sua sujeição à auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF).
O Governo aprovou em 07 de março a reforma da supervisão financeira, que reforça a relação entre os supervisores setoriais, atribui novas funções ao Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF) e autonomiza do Banco de Portugal (BdP) a autoridade responsável pela resolução de bancos.
De acordo com a proposta do Governo, entregue ao parlamento no dia 20 de março, o Sistema Nacional de Supervisão Financeira será composto pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), o BdP, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o CNSF, composto pela ASF, BdP e CMVM, e pela Autoridade de Resolução e Administração de Sistemas de Garantia (ARSG).
Nos pareceres enviados ao parlamento, BdP, CMVM e ASF fizeram críticas ao projeto de lei do Governo.
O BdP manifestou-se contra a fiscalização da Inspeção-Geral de Finanças à sua atividade, considerando que põe em causa a sua independência.
Por sua vez, a CMVM considerou que a proposta aumenta os custos e reduz a independência dos supervisores.
Já a ASF considerou que não é claro como será feito o financiamento da futura autoridade de resolução bancária.
O Banco Central Europeu (BCE), por sua vez, colocou dúvidas sobre a articulação do BdP com o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF) e com a Autoridade de Resolução.
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