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"Espero que o PSD possa recuperar dos erros a tempo das legislativas"

Jorge Moreira da Silva, antigo vice-presidente do PSD, teceu várias críticas, em entrevista na RTP3, ao atual líder do partido depois de umas eleições europeias com resultados que considerou “dececionantes”.

"Espero que o PSD possa recuperar dos erros a tempo das legislativas"

No entender de Jorge Moreira da Silva, ministro do Ambiente no anterior governo (PSD-CDS/PP), o PSD conseguiu nas últimas eleições europeias o “pior resultado de sempre”, definindo como “cinismo” e “conformismo” a espécie de resignação a que se assiste perante estes resultados.

“São resultados dececionantes, acho que mais do que isso são resultados que traduzem o verdadeiro desastre eleitoral para o PSD”, indicou esta quarta-feira o antigo vice-presidente do partido, na Grande Entrevista da RTP3.

O social-democrata adiantou, inclusive, que “o normal teria sido que o presidente do PSD tivesse criado condições para o refrescamento da proposta política do partido a tempo das eleições legislativas”, sugerindo assim uma mudança de liderança.

Quando questionado sobre esse tipo de alteração a uma distância de quatro meses das eleições legislativas, Jorge Moreira da Silva não cedeu. “O tempo é obviamente um obstáculo”, admitiu, mas “o país estaria totalmente focado no PSD durante dois meses e isso seria, na prática, a melhor pré-campanha eleitoral para as legislativas”.

Sobre uma candidatura própria, foi perentório. “Se o líder do PSD tivesse decidido clarificar a liderança eu teria apresentado as minhas propostas e a minha candidatura. Esse é um assunto arrumado, neste momento o que interessa é que todos possamos ajudar o PSD e eu espero que o PSD mude de vida”.

Jorge Moreira da Silva admitiu, ainda, algum desapontamento “com a circunstância de nas últimas duas semanas não ter havido nenhum gesto, nenhuma atitude, nenhuma reflexão que traduzisse essa mudança de estratégia”.

O também diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação da OCDE enumerou dois principais “erros” do partido nas últimas eleições. Em primeiro lugar, a “nacionalização das eleições europeias”, facto para o qual o líder do PSD não mostrou “resiliência”, e em segundo “o dossiê professores”, que permitiu a criação de dúvidas no âmbito da responsabilidade orçamental, “uma das marcas do PSD”.

“Quando se é líder do PSD está-se a pilotar um Fórmula 1, não há espaço para falhar uma mudança, uma transição de velocidade ou uma curva”, indicou. “Na liderança de um partido e quando se é candidato a primeiro-ministro, não há nenhuma margem de manobra para erros. Acho que esse erro é um erro sério. Eu espero que o PSD possa recuperar desse erro a tempo das eleições legislativas”.

Jorge Moreira da Silva sublinhou, ainda, que é “evidente” que se o PSD voltar a sair derrotado das eleições “não passa pela cabeça que não exista uma mudança de liderança”.

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