"O que sentimos do contacto com os agricultores é que se sentem desprotegidos e completamente condicionados", afirmou o cabeça de lista do Aliança às eleições legislativas da Madeira, Joaquim Sousa, em declarações à agência Lusa, no âmbito de uma ação de campanha pelos concelhos madeirenses de Ponta do Sol, Câmara de Lobos, Santa Cruz, Santana e Machico, localizados na maior ilha do arquipélago.
Para o candidato, é preciso "terminar com o monopólio das cooperativas estatais em relação à produção dos produtos regionais", em que se inclui a situação da comercialização da banana por parte da Gesba -- Empresa de Gestão do Sector da Banana, que garante ao produtor uma pequena renda, mas que o impede de vender o que produz fora da cooperativa regional.
"Existe, neste caso específico da banana, uma grande diferença entre o preço pago ao produtor e o preço que a Gesba, neste caso a cooperativa, recebe da venda da banana para exportação", apontou Joaquim Sousa, acrescentando que a empresa pública também escolhe qual a banana que tem condições para ser comercializada, acabando por deitar fora milhares de toneladas.
Em termos de produção, o Aliança propõe a transição de uma agricultura rudimentar, ligada aos agrotóxicos, para "uma agricultura mais biológica", considerando que o cultivo sem recurso a produtos químicos é importante para a saúde do agricultor, das pessoas e do ecossistema.
Consciente do "espaço limitado" do arquipélago da Madeira, Joaquim Sousa disse que a região tem de apoiar os agricultores na produção dos produtos perecíveis e na exportação dos produtos regionais, "não só para o território continental, mas também para o resto do mercado europeu". O partido destaca a qualidade e diversidade da anona, a banana-prata, a banana-maçã e a banana-maracujá.
O problema da água foi outra das questões levantadas pelo candidato, por se verificar "perdas de água, em alguns concelhos, que atingem os 70%".
"Já há muitas zonas da ilha onde não existe água de rega, o que é um problema para os agricultores", assim como a situação de "muitas das casas, por não estarem ligadas às redes de saneamento básico, principalmente no campo, despejam a fossa e os esgotos domésticos para a ribeira", referiu.
Sobre os fundos comunitários, o cabeça de lista do Aliança criticou a "tão baixa" aplicabilidade por parte do atual Governo Regional da Madeira.
"Neste governo do doutor Miguel Albuquerque e do PSD, foi muito má, ao contrário do que era hábito nos governos do doutor [Alberto João] Jardim, em que a região aproveitava ao máximo os fundos comunitários. Neste último quadro comunitário, efetivamente, a Madeira, até ao momento, tem um aproveitamento inferior a 20% do mesmo quadro", indicou, propondo sinergias com o Governo Regional dos Açores e com o Governo da República para uma melhor aplicabilidade dos fundos comunitários.
As eleições regionais legislativas da Madeira, onde os sociais-democratas governam com maioria absoluta, decorrem em 22 de setembro, com 16 partidos e uma coligação a disputar os 47 lugares no parlamento regional: PDR, CHEGA, PNR, BE, PS, PAN, Aliança, Partido da Terra-MPT, PCTP/MRPP, PPD/PSD, Iniciativa Liberal, PTP, PURP, CDS-PP, CDU (PCP/PEV), JPP e RIR.