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"Fazer uma nova Comissão de Inquérito, com mais factos, é um caminho"

Catarina Martins, em entrevista à RTP, falou sobre o caso de Tancos, a Geringonça e as medidas do Bloco de Esquerda.

"Fazer uma nova Comissão de Inquérito, com mais factos, é um caminho"
Notícias ao Minuto

22:47 - 27/09/19 por Notícias Ao Minuto

Política Catarina Martins

Catarina Martins foi a entrevistada desta sexta-feira na antena da RTP, onde a coordenadora do Bloco de Esquerda começou por falar sobre o caso de Tancos. Questionada sobre o que tinha mudado pelo facto de ontem, pela manhã, ter dito que este não deveria ser tema de campanha e, à tarde, ter afirmado que poderia haver uma grande gravidade, Catarina Martins explicou que não falou "da mesma matéria" nas duas ocasiões. 

"De manhã o que conhecíamos eram fugas do segredo de Justiça e o que disse é que estas fugas são sempre parcelares e devemos ter algum cuidado. Estar a comentá-las é algo que devemos evitar e disse que [...] por serem parcelares não deviam marcar a forma como comentamos o tema", explicou, acrescentando que "uma coisa diferente é conhecer a acusação do Ministério Público. Já não estamos a falar de fugas de segredo de Justiça"

Explicitando que há dois casos - o do roubo e o do 'achamento' das armas - a coordenadora do BE foi questionada sobre a comissão de inquérito onde o partido viabilizou um relatório final que não responsabilizava politicamente o ministro da Defesa. "Agora o Ministério Público explica precisamente porque votamos o que votamos", alega, referindo ainda que o diz é que "se a comissão parlamentar de inquérito não teve informação sobre o conhecimento político deste encobrimento que estava a existir é porque houve responsáveis políticos - nomeadamente o ex-ministro - que mentiu numa comissão".

Catarina Martins referiu ser "um caminho" uma nova Comissão de Inquérito sobre o caso. "Sobre a primeira tínhamos a seguinte dúvida: estando o caso a ser investigado e em segredo de justiça o que é que a comissão poderia ou não apurar? Houve algum problema com a coincidência entre esta investigação e a Comissão de Inquérito o que não desculpa, muito pelo contrário, se se verificar que é verdade que alguém mentiu à comissão".

"Portugal é uma democracia e ninguém está acima da lei. Naturalmente, noutras condições, fazer uma nova Comissão de Inquérito, com mais factos, parece-nos que na próxima legislatura é um caminho", disse. 

Quanto a PSD e CDS quererem saber se António Costa tinha conhecimento da encenação, a coordenadora do Bloco de Esquerda é perentória ao afirmar que o primeiro-ministro disse que não tinha conhecimento: "Não me pode estar a perguntar se eu acho que o primeiro-ministro cometeu o crime de desobediência qualificada. Seria uma enorme irresponsabilidade estarmos a falar se achamos que uma coisa destas aconteceu".

Para Catarina Martins "é muito grave que algum responsável politico tenha participado de uma encenação sobre a recuperação das armas e é gravíssimo que tenha mentido a uma Comissão de Inquérito". Dito isto, há uma acusação do Ministério Público e "há um processo que vai correr na justiça", concluiu.

Mudando de tema, e já sobre o facto de Costa ter dito que o acordo de governação se fez "apesar" do Bloco de Esquerda, Catarina Martins disse que tal "não corresponde à verdade" e que falou nisso "num debate em que estava o primeiro-ministro". 

"Não é verdade que o Bloco de Esquerda tenha resistido aliás, pelo contrário, o BE foi um dos proponentes da negociação. Não foi o BE, naturalmente, que fez uma negociação que dependeu de três partidos durante quatro anos, foram os três que o fizeram", acrescentou. 

E o PS viu no Bloco o maior obstáculo a uma maioria absoluta nestas eleições? "Que o PS chame 'empecilhos' ao BE eu posso achar deselegante mas é uma matéria de opinião, faz parte da disputa eleitoral [...] O PS tem vontade de ter uma maioria absoluta, já toda a gente percebeu isso. Eu pergunto é, se para o país, uma maioria do PS tem vantagem", deixou no ar Catarina Martins.

Há quatro anos, "o programa do PS previa explicitamente congelar as pensões e diminuir a contribuição das empresas para a Segurança Social e, na verdade, conseguimos descongelar as pensões e até fazer aumentos extraordinários das pensões mais baixas porque houve um acordo à Esquerda", destacou a líder do BE.

Catarina ressalvou que quem votar no Bloco de Esquerda vai "votar em nome do investimento". "Temos um país com excedente onde falta quase tudo nos transportes públicos ou no Serviço Nacional de Saúde. Demos 25 mil milhões de euros à banca em 10 anos e não temos investido no território".  

Questionada sobre se os 'arrufos' com António Costa não ajudam PSD e CDS, a coordenadora do Bloco considerou que "a Direita não tem nenhum programa". "Acho difícil que forças políticas sem programa consigam mobilizar votos", atirou, acrescentando que o Bloco quer ser "a terceira força política do país" e "sair reforçado destas eleições".

"O Bloco de Esquerda nunca irá para o governo fazer o programa de outro partido", afirmou.

Quanto à CDU, Catarina Martins disse não ser adversária do Bloco de Esquerda: "Temos enormes convergências". "Tenho a certeza de uma coisa: os votos em 2019 vão desenhar uma nova solução política e todos os partidos sabem da responsabilidade que têm. Mas precisamos de saber qual é a força de cada um dos programas para podermos desenhar essa solução, tal como aconteceu em 2015", explicou.

A coordenadora do Bloco referiu que o partido quer baixar o IVA da Energia porque os 23% são pagos por "toda a gente, mesmo quem tem um rendimento muito baixo".

Questionada sobre quanto custam três 'pilares' do Bloco - salários, pensões e SNS -, Catarina Martins referiu que o partido fala muito em "investimento em percentagem do PIB, ou seja, qual é parte da nossa riqueza que nós vamos entregar a setores essenciais", explicando que, assim, "sabemos que o aumento da despesa que estamos a propor para, por exemplo, o SNS contratar os profissionais que faltam é um aumento da despesa que acompanha o crescimento da economia". 

O que tem acontecido é que tem havido um "crescimento da economia e não temos feito acompanhar o investimento nos serviços públicos essenciais", concluiu. 

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