O secretário-geral do PS inicia na quarta-feira uma primeira ronda de conversações com as forças da esquerda parlamentar (BE, PCP, PEV e Livre) e com o PAN, procurando assegurar condições de governabilidade a partir do novo quadro político, um conjunto de reuniões que deverá acontecer já com António Costa indigitado primeiro-ministro pelo Presidente da República, segundo uma notícia avançada na segunda-feira pelo Observador e confirmada à agência Lusa por fonte da direção do PS.
Fonte oficial do BE revelou hoje que a reunião entre a comitiva bloquista e socialista está marcada para quarta-feira, às 18h00, na sede do BE, em Lisboa.
A delegação do Bloco será constituída pela líder do partido, Catarina Martins, pelo líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, pelo diretor de campanha, Jorge Costa e pela deputada e dirigente Mariana Mortágua.
Em 2015, aquando do acordo de incidência parlamentar e da mesma reunião na sede bloquista, da equipa do BE faziam parte na mesma Catarina Martins, Mariana Mortágua e Pedro Filipe Soares, mas também José Gusmão e Pedro Soares, que agora ficam de fora.
Nas eleições legislativas de domingo, o BE consolidou-se como a terceira força política e manteve um grupo parlamentar com 19 deputados eleitos, mas perdeu em número de votos, ficando, de acordo com os resultados provisórios com 9,67% da votação.
Na segunda-feira à noite, a Comissão Política do BE já se reuniu para analisar os resultados das legislativas e discutir das prioridades para a próxima legislatura, adiantou à Lusa fonte oficial.
No discurso na noite eleitoral, no domingo, a coordenadora bloquista, Catarina Martins, manifestou a disponibilidade do BE para negociações com o PS com vista a uma "solução de estabilidade" para a legislatura ou, caso esta não aconteça, "negociações ano a ano para cada orçamento".
Catarina Martins subiu ao púlpito do Teatro Thalia, em Lisboa, quando os resultados do partido estavam ainda longe de estabilizados, deixando claro que "o PS tem todas as condições para formar Governo" e, caso não tenha maioria absoluta, e precise de apoio parlamentar tem duas opções.
"Procurar uma solução de estabilidade que assuma a continuidade da reposição de direitos e rendimentos ao longo da legislatura, e isso deve estar refletido no programa de Governo que vier apresentar, ou realizar negociações ano a ano para cada orçamento. O BE manifesta a sua disponibilidade e, se a primeira não se realizar, estaremos também disponíveis para a negociação caso a caso, mantendo compromisso que sempre afirmámos", garantiu.
Como recusou fazer "tabus ou suspense", Catarina Martins elencou aqueles que são os compromissos do Bloco, uma espécie de cadernos de encargos.
"Defender quem vive do seu trabalho em Portugal, desde logo repondo os cortes que foram feitos na troika e que ainda estão na legislação laboral, repor os dias de férias, repor as compensações por despedimento, repor o pagamento pelas horas extraordinárias. Combater a precariedade, proteger os trabalhadores por turno e defender as pensões, acabando com o duplo corte do fator de sustentabilidade", detalhou, em primeiro lugar.
Em segundo, prosseguiu Catarina Martins, "salvar o Serviço Nacional de Saúde, garantindo que tem o financiamento necessário, combatendo a promiscuidade entre público e privado e fazendo caminho para a exclusividade dos seus profissionais".
"Em terceiro, proteger os serviços públicos em todo o território, incluindo a recuperação do controlo público dos CTT. Em quatro lugar, recuperar o investimento público, responder à crise da habitação e dos transportes e construir uma resposta decidida à emergência climática", elencou.