Continua a ronda do PS de reuniões com os vários partidos tendo em vista a formação do Governo. Depois do Livre, foi a vez do PAN. À saída, André Silva disse que “não ficou nada fechado” e que “está tudo em aberto” nas negociações com o PS, adiantando que os dois partidos terão um novo encontro na próxima semana.
“Estamos disponíveis, à partida, para aprofundar aquilo que é a relação com o PS em apoios pontuais, quer em processo legislativo ordinário, quer ao nível de Orçamentos de Estado”, disse o porta-voz do PAN em declarações aos jornalistas.
“Ficou estabelecido que esta foi uma primeira reunião, reuniremos oportunamente para a próxima semana, no sentido de percebermos se há ou não há possibilidades de alargar estes entendimentos, de que forma é que pode haver mais ou menos convergência”, frisou.
Questionado sobre se está aberto a um acordo multilateral, como defende o Livre, André Silva disse que, para à, “não tem sido uma solução” que o partido tenha colocado em cima da mesa. “Para nós o que é importante é fazer avançar as nossas propostas, as nossas causas e acima de tudo que exista estabilidade governativa”, realçou.
“Continuaremos a aprofundar o relacionamento que temos tido com o PS, nos moldes que tem acontecido”, reafirmou.
Sobre a estabilidade governativa, André Silva salientou que o PAN “sempre foi um ator de procura de estabilidade”, mesmo não tendo o partido “um peso específico” para contribuir para uma maioria parlamentar. “Tal como nos quatro anos anteriores isso não nos impediu de termos uma postura proactiva, construtiva e de estabelecimento de pontes. Nada se alterou relativamente à nossa postura”, afirmou.
Quanto a uma possível moção de censura ao Governo do PS no decorrer da legislatura, o porta-voz do PAN disse não descartar nada, mas defendeu que neste momento a “questão não se coloca”. “Não sei o que vai acontecer no futuro”.
“Reunião foi muito útil”
António Costa começou por saudar o PAN por “conjuntamente com o PS ter sido o único partido parlamentar que teve um reforço eleitoral claro nestas eleições”.
Sobre a reunião com o PAN, o primeiro-ministro indigitado considerou “a conversa foi muito útil para identificar uma vontade comum de aprofundar a relação” entre os dois partidos.
“Já ao longo da legislatura, pontualmente esses contactos existiram e foram sempre positivos, o que permitiu o PAN votar favoravelmente os últimos três Orçamentos e há um conjunto de matérias sobre as quais é possível trabalharmos para poder convergir”, afirmou. Há, por outro lado, outras matérias “sobre as quais temos posições bastante distintas e que não creio que haja condições para convergir”, sublinhou António Costa.
Nesse sentido, PS e PAN marcaram uma nova reunião “tendo em vista a aprofundar os temas que foram identificados como sendo passíveis de haver um trabalho conjunto para avaliarmos se isso se pode traduzir num acordo”.
Independentemente disso, prosseguiu o secretário-geral do PS, “ficou claro que não haverá uma moção de rejeição apresentada pelo PAN e que há uma vontade de que haja estabilidade governativa dos próximos quatro anos”.
António Costa não quis detalhar as matérias em que os dois partidos convergem, levantando apenas o véu das mesmas. “Há preocupações gerais relacionadas com o acelerar da transição energética, o bem-estar e proteção animal. Há matérias onde há clara convergência de pontos de vista, ainda que possa não haver coincidência seja nas medidas seja no calendário”, frisou, sublinhando que sai da reunião convicto de que nesta nova legislatura poderá ser mesmo possível fazer mais do que aquilo que fizeram em conjunto na legislatura anterior.
O aeroporto do Montijo é um dos pontos em que PS e PAN estão “muito distantes”. E essa é uma linha vermelha que se mantém para o partido de André Silva.
Prosseguem as reuniões com os restantes partidos. Depois do PAN, segue-se o Partido Ecologista Os Verdes, o PCP e, por fim, às 18h, Costa termina a ronda negocial com o Bloco de Esquerda.